Agripina, a jovem – a mulher mais poderosa de Roma
Júlia Agripina Menor, também conhecida como Agripina, a jovem, é descrita por muitos historiadores como tirana, violenta, dominadora, implacável e assassina. Apontada por muitos como a mulher mais poderosa do Império Romano, uma mulher que fazia qualquer coisa para manter seu poder e influência.
Sua ausência de escrúpulos e sua determinação em manter o poder, fez com que se mantivesse mais tempo no topo do poder romano do que a maior parte dos imperadores.
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Origens e família de Agripina
Nasceu em 15 d.C., no posto romano Ópido dos Úbios, onde hoje se encontra a cidade alemã de Colônia. Era filha de Agripina Maior e Germânico, e era bisneta da Imperatriz-Mãe, Lívia Drusa e do Imperador Augusto.
O Imperador Augusto foi divinizado e transformado em deus pelos romanos que construíram um templo onde se faziam sacrifícios ao “Deus Augusto”. Por volta de 50 d.C, Agripina era a única descendente viva de Augusto, o que a conferia um status de divina.
Representação de como seria Agripina |
Agripina, tinha três irmãos, Nero César, Druso César e o futuro Imperador Calígula, e duas irmãs mais novas, Júlia Drusila e Júlia Lívila. Os seus irmãos Nero César e Druso César foram assassinados pelo Imperador Tibério que os enxergava como potenciais aspirantes ao trono.
Aos 13 anos de idade, em 28 d.C, Agripina se casou com seu tio de segundo grau, Cneu Domício Enobarbo, com quem teve o seu único filho, Lúcio Domício Enobarbo que viria a ser o infame Imperador Nero Cláudio César Augusto Germânico.
Reinado de Calígula
Em 16 de março de 37, o Imperador Tibério morreu fazendo com que o irmão de Agripina, Calígula, ascendesse ao poder.
Calígula tinha um carinho especial por suas irmãs, com quem era acusado de ter relações incestuosas, em especial com a irmã Drusila. Fato é que Calígula conferiu a suas irmãs um status nunca antes visto para irmãs de um Imperador.
Elas receberam os direitos reservados às virgens vestais, como a liberdade de assistir aos jogos nos estádios nos melhores assentos, moedas foram cunhadas com os rostos da irmãs. Além disso, Calígula mandou incluir suas irmãs em suas moções, inclusive os juramentos de lealdade:
“Eu não valorizarei a minha vida ou de meus filhos acima do que valorizo a segurança do imperador e de suas irmãs”
e as consulares:
“Boa fortuna ao imperador e suas irmãs”
Apesar do bom relacionamento inicial, Calígula foi mudando muito ao longo do seu reinado e após a morte de Drusila, o tratamento dispensado para as outras irmãs, Agripina e Lívila, deixou de ser especial.
Em 39 d.C, Agripina e Lívila se juntaram ao marido de Drusila, Marco Emílio Lépido para planejar o assassinato de Calígula. Uma trama que ficou conhecida como Trama das Três Adagas.
Calígula descobriu a traição e julgou os três, sobrando para Marco Emílio Lépido a execução. Já as irmãs tiveram uma pena mais branda, foram enviadas ao exílio nas ilhas Pontinas e tiveram seus bens confiscados pelo Imperador.
Em 41 d.C, após a morte de Calígula houve a ascensão ao trono de Claudio, tio paterno de Agripina e Lívila que retirou as penas impostas por Calígula.
Reinado de Claudio
Após o retorno de Agripina ao centro do poder romano, ela se reuniu com seu filho, o futuro Imperador Nero a quem Claudio devolveu toda a herança tomada por Calígula.
Com suas penas revogadas Agripina voltou a planejar como estenderia seus tentáculos sobre o império. Segundo consta, ela aproximou-se de forma bastante contundente de Galba, o futuro Imperador. A aproximação seria tão descarada, que a sogra de Galba teria estapeado Agripina em público após testemunhas uma de suas investidas.
Agripina nunca conseguiu seduzir Galba e acabou se casando com um proeminente Senador Romano, Caio Salústio Crispo Passieno. Crispo era uma homem rico, influente e herdeiro do famoso historiador Salústio. Pouco se sabe do casamento entre os dois e Crispo morreria pouco tempo depois, deixando Agripina e seu filho, o futuro Imperador Nero, ainda mais ricos. Na época se espalhou o boato de que Agripina teria envenenado o marido.
O Imperador Claudio estava casado com a infame Imperatriz Valéria Messalina, que era prima de segundo grau de Agripina.
Messalina enxergava o filho de Agripina como uma ameaça a posição de seu filho, Britânico, chegando a enviar assassinos para estrangulá-lo enquanto dormia, porém não obteve êxito no seu plano.
Em 48 d.C, após trair Claudio, Messalina foi executada, abrindo espaço para um novo casamento do Imperador. Historiadores acreditam que o Senado Romano pressionou Claudio para que se casasse com Agripina, o que teoricamente colocaria fim na disputa entre os ramos juliano e claudiano da Dinastia júlio-claudiana.
Embora o casamento entre tio e sobrinha não fosse algo bem visto pela sociedade romana da época, Claudio e Agripina se casaram no ano novo de 49.
Agora ela era Imperatriz Agripina, a mulher mais poderosa de Roma. Porém, seus planos para se manter no poder romano estavam apenas começando. Agripina precisava encaminhar o seu filho, Nero, para a sucessão. A imperatriz passou a eliminar todos nos palácio que se opusessem a posição de Nero como sucessor de Claudio. Também perseguia todos que tentavam manter a memória de Messalina acesa de alguma forma.
Agripina conseguiu isolar Britânico, filho de Messalina com Claudio, do seu direito hereditário ao trono.
Em 50 d.C Agripina conseguiu que Cláudio adotasse o filho dela e o nomeasse seu sucessor. Lúcio Domício Enobarbo foi, então, adotado pelo seu padrasto e tio-avô paterno. Seu nome foi alterado para Nero Cláudio César Druso Germânico e ele era agora o filho, herdeiro e sucessor de Cláudio.
Para complementar o plano de Agripina, a Imperatriz arranjou o casamento de Nero com Cláudia Otávia e trouxe Sêneca, o Jovem, para ser tutor de seu filho e prepará-lo para a ascensão ao trono do Império Romano.
Posteriormente Claudio se arrependeu de ter nomeado Nero como seu sucessor e passou a dar mais atenção a Britânico. Estaria Claudio preparando uma alteração na sua sucessão?
Segundo as fontes antigas, a alteração na sucessão não só estava em curso, como Agripina estava ciente de tais movimentos, o que teria levado ela a encomendar a morte de Claudio. Para realizar o serviço, Agripina escolheu Locusta, uma talentosa assassina especializada em venenos. Em 13 de outubro de 54 d.C, o Imperador Claudio morreu.
O envenenamento de Claudio abriu caminho para uma rápida ascensão de Nero ao trono.
Reinado de Nero
No começo do reinado de Nero, tudo ocorreu como planejado por Agripina, ela exercia enorme influência sobre Nero e controlava indiretamente o Império.
Porém, após um envolvimento de Nero com a liberta Cláudia Acte, mulher detestada por Agripina, a relação de Nero com a Mãe começou a se degradar. Agripina chegou a iniciar um apoio ao filho de Claudio e Messalina, Britânico, que anteriormente ela tanto se esforçou para tirar do caminho sucessório.
Nero seguiu os passos de sua mãe e contratou os serviços de Locusta para matar Britânico. Isto era apenas o início da disputa entre Agripina e seu filho Nero.
Ainda em 55 d.C, ela foi expulsa do palácio e enviada para a Residência Imperial, onde teria menos acesso a cúpula do poder romano. Nero também retirou todos os títulos e honrarias da mãe e perseguiu aliados de Agripina.
Morte de Agripina
Segundo Suetônio, Nero tentou matar Agripina diversas vezes. Em três ocasiões distintas, a Imperatriz-mãe, teria sido envenenada, porém tomou os antídotos a tempo de se salvar.
Diante dos envenenamentos fracassados, Nero mandou criar um mecanismo que cairia sobre a cama de Agripina, porém ela foi avisada e a tentativa fracassou.
Posteriormente Nero teria criado um barco que afundaria, porém Agripina novamente conseguiu se safar.
No fim, Nero deixou de lado maneiras elaboradas e “discretas” de matar a mãe e acabou enviando um assassino para esfaqueá-la, finalmente obtendo êxito.