BiografiasHistória antigaImpério RomanoMulheres na história

Valéria Messalina – a Imperatriz Romana mais promíscua da história?

O nome Valéria Messalina, até hoje causa polêmica e nos remete a algo pejorativo. Poucas imperatrizes romanas possuem uma reputação tão desonrosa e escandalosa. Ainda hoje, prostitutas são chamadas de messalina por causa da Imperatriz Romana, esposa do Imperador Cláudio e tida pela história, como uma mulher libertina, devassa e sem limites.

Porém é difícil sabermos exatamente a verdade por trás da vida da Imperatriz Romana Valéria Messalina, já que muitos historiadores afirmam que ela foi vítima de uma campanha de difamação após sua morte.

Origens da Imperatriz Valéria Messalina

Messalina nasceu por volta do ano 25 d.C e fazia parte da nobreza de Roma, era filha de Domícia Lépida, a Jovem que casou com seu primo, pai de Messalina, Marco Valério Messala Barbato.

A bisavó de Messalina era Otávia, irmã do primeiro imperador Augusto. Messalina, também, era prima de segundo grau de Agripina, mãe do futuro Imperador Nero.

Ela se casou com o Imperador Cláudio quando tinha por volta de 14 anos de idade. Em que pese aos olhos de hoje tal diferença ser absurda, no contexto da época era uma diferença de idade normal.

 

 

Messalina teve dois filhos com o Imperador Cláudio – Cláudia Otávia (nascida em 39 ou 40), que se tornaria imperatriz ao se casar com o Imperador Nero e Britânico (nascido em 41), que seria assassinado pelo marido da sua irmã, o Imperador Nero aos 13 anos de idade.

De onde vem a reputação de insaciável sexualmente de Messalina

Basicamente todos os escritos romanos posteriores a sua morte, retratam a imperatriz Messalina como uma mulher promíscua e sem limites, sexualmente falando. Autores da época, como Juvenal, Suetônio, Tácito, Dião Cássio e Plínio, o velho, retratam a Imperatriz Romana como adúltera e prostituta.

Juvenal, na sua obra  Sátira VI, afirmou que quando o Imperador Cláudio dormia, Messalina vestia uma peruca loira e se dirigia a um bordel onde atendia diversos clientes e só saia de lá quando o estabelecimento fechava, retratando Messalina como uma prostituta voluntária e insaciável:

Logo que percebia o marido adormecer, a esposa, preferindo uma esteira ao leito imperial do Palatino, cobria-se com uma manta escura e, Augusta meretriz, ia embora, escoltada por uma única serva. Escondendo os cabelos negros sob uma peruca loira, entrava no tepor de um prostíbulo, atrás de velhas cortinas, onde tinha um cubículo reservado só para ela; aí, sob o falso nome de Licisca, nua, com os mamilos dourados, se oferecia, e mostrava, ó generoso Britânico, o ventre que te pariu. Recebia com meiguice quem entrava no seu cubículo e reclamava o preço de seu corpo; mais tarde, quando o alcoviteiro dispensava as mulheres, ela também se ia embora mas com tristeza, sendo a última a fechar a sua cela. Ainda ardendo pelo desejo do útero teso, cansada de tantos homens mas ainda não satisfeita, voltava ao Palácio com o rosto sujo da fumaça da lúrida lucerna e levava até o leito imperial o fedor do prostíbulo.

A história mais famosa envolvendo a luxuria da imperatriz está na obra História Natural, de Plínio, o velho que nos conta que Messalina ordenou que a levassem até um bordel, onde estaria a prostituta mais famosa de Roma – uma mulher chamada Scylla.

Chegando lá, a imperatriz desafiou Scylla em uma maratona sexual que duraria um dia inteiro, onde se sairia vencedora a que tivesse satisfeito o maior número de homens. Scylla teria desistido e Messalina se sagrou vencedora após ter transado com 25 homens.

A Morte da Imperatriz Messalina

Messalina era conhecida por seu comportamento extravagante e escandaloso, envolvendo-se em inúmeros casos amorosos e prazeres mundanos. No entanto, sua queda começou quando ela se apaixonou por Gaius Silius, um senador ambicioso, e até casou-se secretamente com ele, desafiando a autoridade imperial.

A situação tornou-se insustentável quando Cláudio descobriu a traição de Messalina e a conspiração para tomar o trono. Ele reagiu rapidamente, ordenando a execução de Silius e seus seguidores. Messalina, temendo sua punição iminente, fugiu para o Templo de Harmódio e Aristogíton, onde esperava a clemência do imperador. No entanto, Cláudio não mostrou misericórdia e nomeou um assassino para acabar com sua vida.

Morte de Messalina por Georges Rochegrosse
Morte de Messalina por Georges Rochegrosse

A morte de Messalina encerrou um capítulo notório na história de Roma, e sua vida tumultuada é um exemplo das complexidades do poder e da intriga política na Roma antiga. Sua morte deixou Cláudio devastado, e ele posteriormente casou-se com Agripina, que desempenharia um papel importante na criação de seu filho Nero. A história de Messalina permanece como um lembrete sombrio das consequências das ambições desenfreadas e da traição nos corredores do poder romano.

A discussão histórica sobre a reputação de Valéria Messalina

Há um debate na historiografia sobre a reputação da Imperatriz Romana Valéria Messalina, onde muitos acreditam que a imperatriz foi vítima de uma campanha de difamação, e que as histórias contadas sobre ela, na verdade, seriam histórias fabricadas.

Um dos argumentos é de que não há nenhum documento que comprove um julgamento por adultério, crime que seria punido com a pena de exílio, conforme as leis da época. Portanto, Messalina teria sido condenada por conspirar contra o Imperador Cláudio.

O primeiro relato literário sobre a morte de Messalina foi a obra Apocoloquintose, de Sênica, poucos anos após a morte de Messalina (cerca de 6 anos depois). Nesta obra não há qualquer menção a adultério por parte da Imperatriz Romana, sendo citada apenas como mais uma das vítimas da tirania de Cláudio.

Outro ponto levantado é que Messalina só passou a ser tratada como prostituta muito tempo após a sua morte, tendo o primeiro registro neste sentido surgido com a Sátira VI de Juvenal, no início do segundo século depois de cristo.

Livros recomendados

Para quem deseja se aprofundar um pouco mais na história da imperatriz Valéria Messalina, sugerimos os livros:

Messalina: A Imperatriz Lasciva de Siegfried Obermeier é uma biografia que explora a vida turbulenta e controversa de Valéria Messalina, esposa do Imperador Cláudio durante o Império Romano. Obermeier traça a jornada de Messalina desde sua infância nobre até seu casamento com Cláudio e sua subsequente queda devido a escândalos e conspirações. O livro revela detalhes sobre sua promiscuidade, influência política e sua morte trágica. Obermeier busca separar a verdade da ficção em torno da figura de Messalina, fornecendo uma análise aprofundada de sua vida e sua influência na história romana.

A Vida dos Doze Césares de Suetônio é uma obra histórica clássica que detalha as biografias dos primeiros doze imperadores romanos. No contexto da Imperatriz Valéria Messalina, Suetônio descreve Messalina como a terceira esposa do Imperador Cláudio. Ele a retrata como uma figura controversa e infame, conhecida por sua promiscuidade e comportamento extravagante. Suetônio narra seus casos amorosos, inclusive com seu amante Gaius Silius, e sua influência sobre Cláudio. A obra destaca o envolvimento de Messalina em tramas políticas e seu subsequente exílio e execução, revelando a complexidade da vida e da queda dessa imperatriz romana.

Fernando Rocha

Fernando Rocha, formado em Direito pela PUC/RS e apaixonado por história, é o autor e criador deste site dedicado a explorar e compartilhar os fascinantes acontecimentos do passado. Ele se dedica a pesquisar e escrever sobre uma ampla gama de tópicos históricos, desde eventos políticos e culturais até figuras influentes que moldaram o curso da humanidade."

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *