Locusta – A Envenenadora do Império
Locusta não teve um papel de protagonista nas tramas que se passavam nos bastidores do Império Romano, porém, mesmo como coadjuvante, foi muito admirada e temida, e o seu trabalho ajudou a mudar o curso da história romana.
É atribuído a Locusta diversos assassinatos, inclusive do Imperador Cláudio e do seu filho Britânico, um aspirante ao mais alto posto do Império. Assassina nata, muitos a consideram a primeira serial killer da história, o que é uma afirmativa incorreta do ponto de vista da psicologia, já que Locusta não matava por prazer, era o seu trabalho.
Em roma o assassinato era uma prática recorrente pela mais diversos motivos, desde mulheres querendo se livrar dos seus maridos, até tramas políticas envolvendo os mais altos escalões do poder e a arma favorita, o veneno. Locusta tinha o talento certo no lugar certo, o que lhe gerou uma enorme clientela.
Nascida por volta de 20 d.C, na região da Gália, atualmente sul da França, Locusta foi para Roma por razões e circunstâncias desconhecidas, levando consigo um conhecimento notável na manipulação de venenos.
Especula-se que até mesmo venenos complexos como o cianeto e o arsênico já constavam no seu vasto menu da morte. Suas experiências eram testadas em cabras e as substâncias mais efetivas eram postas a serviço de quem pagasse seu preço.
Leia mais sobre o Império Romano
Seu trabalho lhe deu notoriedade e chamou a atenção das autoridades romanas. Locusta foi presa duas vezes por conta dos seus trabalhos, mas ela logo alcançou a liberdade, já que nobres interessados em seus serviços pagaram sua fiança.
Na terceira vez que foi presa, a história dela e do Império mudariam para sempre. A Imperatriz Agripina, a jovem, procurou Locusta, interessada em um serviço bastante ambicioso, matar o seu marido, o Imperador Cláudio. Agripina estava preocupada, pois Cláudio estava dando sinais de que tiraria seu filho, o futuro Imperador Nero, da linha de sucessão.
Para cumprir a ousada e perigosa tarefa, Locusta borrifou veneno em cogumelos que foram servidos ao Imperador. Cláudio passou mal, porém não morreu de imediato, fazendo com que uma nova dose, desta vez letal, fosse direcionada ao Imperador. Desta vez, o veneno foi aplicado em uma pena, utilizada para induzir o vômito.
A missão bem sucedida de Locusta alterou o curso da história e certamente contribuiu de forma decisiva para que Nero se tornasse Imperador de Roma em 55 d.C.
Logo depois de ascender ao posto de Imperador, Nero seguiu os passos da sua mãe e requisitou os serviços de Locusta. Desta vez o alvo era Tibério Cláudio César Britânico, filho do Imperador Cláudio com Valéria Messalina. A esta altura, havia o temor de que Britânico poderia reivindicar o posto de Imperador, já que era filho legítimo de Cláudio, ao contrário de Nero, que havia sido adotado pelo Imperador quando se casou com Agripina.
Britânico tinha o curioso hábito de misturar água ao vinho e Locusta explorou esta particularidade para envenenar a água colocada no vinho que seria servido a ele, evitando que outras pessoas ingerissem, acidentalmente, o veneno direcionado a Britânico.
O resultado não foi o esperado, Britânico não morreu imediatamente e o suposto fracasso enfureceu o Imperador Nero, a ponto de pessoalmente torturar Locusta. Para satisfazer o imperador e se salvar, ela direcionou um veneno ainda mais potente para finalizar o serviço.
Com o êxito, Locusta passou de torturada a queridinha de Nero, recebendo propriedades e uma total liberdade para exercer o seu trabalho.
Contudo o reinado de Nero não durou para sempre, em 68 d.C, Nero se suicidou, deixando o posto para a ascensão de Galba. O novo Imperador promoveu uma caçada a todos que exerciam o trabalho de envenenador, o que culminou na prisão e execução de Locusta.