II Guerra

Dries Riphagen: Um Criminoso a Serviço do III Reich

Dries Riphagen, uma figura sombria e controversa da Segunda Guerra Mundial, emerge como um personagem intrigante e perturbador na história. Nascido em 7 de setembro de 1909, na Holanda, Riphagen desafiou qualquer noção convencional de lealdade e ética ao colaborar com as forças nazistas durante a ocupação alemã. Sua trajetória sinistra como informante e colaborador para a Gestapo revela uma personalidade complexa, marcada por oportunismo e ganância.

Conhecido como “Al Capone holandês”, Riphagen construiu uma rede de espionagem e extorsão, explorando a instabilidade do período para obter vantagens pessoais. Sua habilidade em manipular circunstâncias tumultuadas o colocou no centro de uma teia de traições e conluios, enquanto se aproveitava da vulnerabilidade de outros.

Anos iniciais

Nasceu em Amsterdam em 7 setembro de 1909. Riphagen perdeu a mãe aos 6 anos de idade e seu pai, alcoólatra, o enviou com 14 anos para um centro de treinamento da marinha, onde atuou de 1923 a 1924.

Riphagen morou nos Estados Unidos por dois anos, trabalhando para a Standard Oil, época em que entrou em contato com círculos criminosos locais, absorvendo seus métodos. Seu apelido “Al Capone” surgiu dessa época nos EUA.

De volta à Holanda, Riphagen se envolveu com o Partido dos Trabalhadores Holandeses Nacional-Socialistas (NSNAP), um grupo extremamente antissemita que buscava integrar os Países Baixos ao Reich alemão. Tornou-se uma figura proeminente no submundo de Amsterdam, explorando negócios variados, desde joias e pedras preciosas até jogos de azar e carros usados, alguns adquiridos de maneiras ilícitas. A vida multifacetada de Riphagen, marcada por eventos traumáticos, influências internacionais e escolhas controversas, culminou em sua ascensão como uma figura central na história criminosa dos Países Baixos.

Participação de Dries Riphagen em Crimes de Guerra

Dries Riphagen cometeu uma série de crimes durante a Segunda Guerra Mundial, muitos dos quais foram relacionados à sua colaboração ativa com as forças nazistas na Holanda ocupada. Alguns dos crimes pelos quais ele foi acusado incluem:

  • Desmantelamento de Redes de Resistência: Riphagen desempenhou um papel central na identificação e desativação de grupos de resistência holandeses, resultando na prisão, tortura e execução de membros destas organizações.
  • Extorsão e Denúncias: Utilizando suas conexões com os nazistas, Riphagen extorquia dinheiro e propriedades de indivíduos e empresas locais. Além disso, denunciava aqueles considerados “inimigos” às autoridades alemãs, resultando frequentemente em prisões e perseguições.
  • Colaboração com as Forças de Ocupação: Riphagen forneceu informações cruciais às autoridades alemãs, colaborando ativamente com os ocupantes nazistas. Isso incluiu a entrega de informações sobre atividades da resistência e movimentações de indivíduos considerados uma ameaça ao regime.
  • Exploração e Crimes Econômicos: Além de suas atividades colaboracionistas, Riphagen se envolveu em práticas criminosas relacionadas à extorsão e ao contrabando. Ele explorou a instabilidade econômica e social da época para seu ganho pessoal.

Vida no Pós-guerra

Após a Segunda Guerra Mundial, Dries Riphagen enfrentou acusações relacionadas à traição de judeus, sendo responsabilizado pela morte de pelo menos 200 pessoas.

Em fevereiro de 1946, Riphagen escapou com a ajuda de seus contatos, atravessando a fronteira escondido em um caixão dentro de um carro fúnebre. Descobertas mais recentes sugerem que a fuga foi organizada por dois funcionários do serviço secreto holandês, Frits e Piet Kerkhoven. Ele viajou para a Espanha de bicicleta ao longo de três meses. Em maio de 1946, Riphagen foi detido em Huesca, Espanha, por falta de documentos, sendo libertado sob fiança com a intervenção de um sacerdote jesuíta.

Prestes a ser extraditado para a Holanda, em 21 de março de 1948, Riphagen voou para a Argentina, onde diversos outros criminosos nazista haviam encontrado guarida. Seu endereço na Argentina coincidiu com o de um padre jesuíta, mas não há evidências de conexão com os “ratlines” (sistemas de fuga para nazistas e outros fascistas).

Chegando ao país em 1948, Riphagen utilizou sua amizade com Rodolfo Valenzuela, membro da Suprema Corte e secretário de Juan Domingo Perón, para construir conexões influentes. Apesar do pedido de extradição por infrações menores feito pelo embaixador holandês Floris Carcilius, as acusações foram consideradas prescritas e inadequadas pelo judiciário argentino.

Em Belgrano, Buenos Aires, Riphagen estabeleceu-se, dirigindo um escritório de imprensa e colaborando com o serviço secreto de Perón. Sua colaboração com o governo argentino envolveu atividades sigilosas, aproveitando sua experiência e conexões para contribuir com informações estratégicas. A proximidade com o casal presidencial Juan e Evita Perón, e sua habilidade em navegar pelos círculos de poder garantiram a Riphagen uma posição de influência na Argentina durante esse período. Sua vida na Argentina representa um capítulo intrigante e controverso, onde suas habilidades de manipulação e sua rede de contatos o permitiram prosperar em um ambiente político complexo.

Não há informações amplamente conhecidas sobre a morte de Dries Riphagen após sua vida na Argentina. As últimas informações disponíveis indicam que ele viveu na América Latina por muitos anos após a Segunda Guerra Mundial, colaborando com o governo de Perón na Argentina.

Fernando Rocha

Fernando Rocha, formado em Direito pela PUC/RS e apaixonado por história, é o autor e criador deste site dedicado a explorar e compartilhar os fascinantes acontecimentos do passado. Ele se dedica a pesquisar e escrever sobre uma ampla gama de tópicos históricos, desde eventos políticos e culturais até figuras influentes que moldaram o curso da humanidade."

One thought on “Dries Riphagen: Um Criminoso a Serviço do III Reich

  • Parabéns muito bem resumido,contudo a história de Dries e todo seu caminho percorrido diante da minha visão deve ter se realocado muito bem na Argentina.

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