Amon Göth: A Sombria História do Carrasco de Płaszów
A Segunda Guerra Mundial testemunhou a ascensão do regime nazista e a implementação de um dos episódios mais negros da história da humanidade: o Holocausto. Nesse cenário de horror, um nome se destaca como um símbolo do sadismo e da crueldade que caracterizaram o regime nazista – Amon Göth. Este oficial da Schutzstaffel (SS) austríaco se tornou conhecido como o comandante do campo de concentração de Płaszów, perto de Cracóvia, Polônia, onde perpetrou atos inimagináveis de violência e opressão.
A história de Amon Göth ecoa não apenas pela brutalidade de seus atos, mas também pelo impacto que teve nas vidas daqueles que sofreram sob seu comando. Sua vida e crimes são um estudo de caso sombrio sobre os extremos da maldade humana, mas também destacam a coragem de alguns indivíduos que, de alguma forma, conseguiram desafiar a tirania.
Neste artigo, vamos explorar a vida de Amon Göth, desde sua juventude aparentemente comum até seu papel como carrasco de Płaszów.
Anos iniciais de Amon Göth
Amon Göth, nascido em 1908 em Viena, Áustria, teve uma juventude aparentemente comum. Ele cresceu em uma família de classe média e, inicialmente, não mostrou sinais de sua futura brutalidade. No entanto, ele se envolveu com o nazismo e se juntou à Schutzstaffel (SS) em 1931, tornando-se membro do Partido Nazista.
A ascensão de Göth coincidiu com o aumento do poder de Adolf Hitler na Alemanha. Ele participou de atividades militares durante a Guerra Civil Espanhola e, em 1938, foi destacado para a invasão austríaca pelas forças alemãs.
Antes da guerra, Amon Göth já estava profundamente envolvido com o nazismo e demonstrava uma devoção fanática à ideologia. Seu caminho em direção ao lado sombrio da história já estava traçado, mas seria durante a Segunda Guerra Mundial que ele se tornaria notório por sua crueldade como comandante do campo de concentração de Płaszów, na Polônia.
A Brutalidade de Amon Göth no Gueto de Varsóvia
A participação de Amon Göth no Gueto de Varsóvia representa outro capítulo sombrio de sua carreira como oficial nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Embora ele seja mais conhecido por seu papel como comandante do campo de concentração de Płaszów, a história de sua contribuição para o sofrimento dos judeus no Gueto de Varsóvia também é significativa.
O Gueto de Varsóvia foi estabelecido pelos nazistas em 1940 como uma área confinada onde os judeus de Varsóvia e regiões vizinhas foram forçados a viver em condições extremamente precárias e superlotadas. A fome, a doença e a opressão eram generalizadas, com a população judaica sendo submetida a uma série de restrições e abusos.
Amon Göth, como oficial nazista, esteve envolvido na administração e na implementação das políticas de opressão no Gueto de Varsóvia. Ele desempenhou um papel na coleta de impostos e confiscando propriedades dos judeus, além de supervisionar a implantação das políticas antissemitas nazistas no gueto.
No entanto, a participação de Göth no Gueto de Varsóvia não foi tão notória quanto seu papel posterior em Płaszów. Foi lá que sua crueldade atingiu proporções verdadeiramente horrendas. No Gueto de Varsóvia, ele ainda não havia adquirido a notoriedade que o tornaria um dos carrascos mais infames do Holocausto.
Foi apenas após sua transferência para Płaszów que Amon Göth se destacou por sua crueldade e sadismo implacáveis, onde ele cometeu inúmeros abusos, torturas e assassinatos de prisioneiros. O relato mais detalhado de sua brutalidade e suas ações sádicas é associado a Płaszów, e é lá que ele deixou um legado macabro.
Comandante e Carrasco de Plaszów
Göth assumiu o comando de Płaszów em 1943, sucedendo o infame oficial da SS Julius Schreck. Logo, sua reputação como um dos carrascos mais cruéis do Holocausto começou a se solidificar. Ele era conhecido por sua natureza sádica e arbitrária, frequentemente matando prisioneiros a tiros por mero capricho. Sua sede de sangue parecia insaciável, e os prisioneiros viviam em constante temor de suas punições brutais.
Como comandante de Płaszów, ele exerceu um controle absoluto sobre a vida e a morte dos prisioneiros no campo, onde a brutalidade era a norma e a humanidade era quase inexistente.
As condições de vida em Płaszów eram desumanas. O campo estava superlotado, com prisioneiros forçados a viver em barracões superlotados e insalubres. A falta de higiene e a escassez de comida levavam à propagação de doenças e à morte por fome. Göth era indiferente a esses sofrimentos e, em vez disso, parecia obcecado com a tortura e o assassinato de prisioneiros.
Sua propensão para a violência não conhecia limites. Ele ordenava execuções em massa, forçando prisioneiros a assistirem uns aos outros sendo mortos. Göth também implementou punições cruéis, como o “trabalho forçado”, onde os prisioneiros eram submetidos a trabalhos extenuantes e perigosos até a exaustão.
Talvez uma das representações mais chocantes de sua brutalidade tenha sido sua prática de atirar em prisioneiros da sacada de sua casa, que tinha vista para o campo. Isso era feito por puro sadismo, e sua indiferença às vidas humanas era desconcertante.
A atrocidade de Płaszów só foi atenuada graças aos esforços de Oskar Schindler, um empresário alemão que empregava prisioneiros no campo.
Relação de Amon Göth com sua Empregada Judia
A paixão de Amon Göth por sua empregada judia é um aspecto intrigante e controverso de sua história pessoal. Durante seu tempo como comandante do campo de concentração de Płaszów, Göth empregou uma jovem judia chamada Helen Hirsch como sua empregada doméstica. Essa relação singular e complexa entre um oficial nazista brutal e sua empregada judia é notável, principalmente devido à aparente contradição entre a crueldade de Göth e seus sentimentos por Helen.
Embora Göth tenha sido conhecido por sua brutalidade e sadismo implacáveis no campo de Płaszów, ele também desenvolveu uma ligação pessoal com Helen Hirsch. A paixão de Göth por ela é representada no filme “A Lista de Schindler” de forma ambígua, sugerindo que ele estava profundamente envolvido emocionalmente com ela, apesar de suas ações desumanas em relação a outros prisioneiros judeus.
Alguns argumentam que essa relação revela a complexidade da natureza humana, destacando como alguém pode demonstrar afeto e empatia por indivíduos específicos, mesmo enquanto perpetra atrocidades contra outros. Outros veem a paixão de Göth por Helen Hirsch como uma tentativa de amenizar ou justificar as ações brutais que ele cometeu em Płaszów.
Relação de Amon Göth com Oskar Schindler
A relação entre Amon Göth e Oskar Schindler é um aspecto intrigante e complexo da história do Holocausto, retratada de maneira notável no livro e no filme “A Lista de Schindler”.
Oskar Schindler era um membro do Partido Nazista alemão e um oportunista de negócios que inicialmente se beneficiou do trabalho escravo de judeus nos campos de concentração. No entanto, à medida que testemunhava o sofrimento e a brutalidade do Holocausto, Schindler passou por uma transformação moral. Ele percebeu a necessidade de agir e se esforçou para salvar o maior número possível de judeus do extermínio nazista.
Amon Göth, por outro lado, era o comandante sádico do campo de concentração de Płaszów, onde muitos judeus trabalhavam nas fábricas de Schindler. A relação entre eles era complexa. Schindler buscava constantemente a aprovação de Göth para manter a produção de sua fábrica e, ao mesmo tempo, usava suborno e influência para salvar a vida de seus trabalhadores. Ele oferecia presentes e subornos a Göth, mas também apelava para seu senso de ganho financeiro, argumentando que os trabalhadores judeus eram essenciais para a produção de guerra.
O relacionamento tenso entre Schindler e Göth atingiu um ponto crítico quando Schindler obteve a permissão para transferir aproximadamente 1.100 de seus trabalhadores judeus de Płaszów para uma fábrica em Brünnlitz, na Tchecoslováquia. Esse ato de coragem salvou a vida desses prisioneiros, enquanto os que ficaram em Płaszów continuaram a sofrer nas mãos de Göth.
A relação entre Schindler e Göth personifica a complexidade do Holocausto, mostrando como um oportunista inicialmente indiferente pode ser transformado em um herói improvável pela terrível realidade que testemunha. Enquanto Göth representava o mal desenfreado do regime nazista, Schindler personificava a capacidade do indivíduo de fazer a diferença e salvar vidas em meio ao caos e à brutalidade.
Jennifer Teege: A Neta Negra de Göth
Jennifer Teege é uma autora alemã de origem alemã e nigeriana que ganhou destaque por sua história pessoal única e pelos livros que escreveu. Ela nasceu em Munique, Alemanha, em 1970, e ficou internacionalmente conhecida por sua ligação com uma figura histórica infame: Amon Göth, o cruel comandante do campo de concentração de Płaszów durante o Holocausto.
Jennifer Teege é a neta biológica de Amon Göth. Ela descobriu essa conexão surpreendente e chocante somente em sua vida adulta, quando estava na casa de uma biblioteca e encontrou um livro que revelava a história de sua família. Esse livro, intitulado “Eu Sou um Sobrevivente: A Vida de Amon Goeth”, escrito por Irene Hasenberg Butter e Eugene Weinstock, detalha a vida e os crimes de Amon Göth.
A descoberta de sua ancestralidade e a história de seu avô biológico foram um choque para Jennifer Teege. A partir desse momento, ela começou a explorar e a processar o significado de sua herança, bem como a lidar com o peso de ser descendente de uma figura tão infame.
Teege escreveu um livro, “Meu Avô Seria um Nazista? Descobrindo sua História Familiar Sombria” (título original em inglês: “My Grandfather Would Have Shot Me: A Black Woman Discovers Her Family’s Nazi Past”), onde compartilha suas experiências e reflexões sobre a descoberta de sua história familiar e a busca por entender seu avô, Amon Göth, o notório comandante de Płaszów. O livro também explora questões relacionadas à identidade, ao perdão e ao trauma transmitido de geração em geração.
Captura e Execução do Carrasco de Plaszów
Após a derrota da Alemanha nazista, ele foi capturado pelos Aliados e submetido a julgamento em Nuremberg, onde sua vida e a extensão de seus crimes foram minuciosamente examinadas.
As acusações contra Göth eram amplas e graves. Ele foi acusado de cometer assassinatos em massa, tortura, punições cruéis, trabalhos forçados, roubo de propriedade de prisioneiros, e várias outras atrocidades. Durante o julgamento, testemunhas, incluindo sobreviventes de Płaszów e ex-prisioneiros, relataram em detalhes os horrores que testemunharam e sofreram nas mãos de Göth.
A evidência apresentada no julgamento revelou a natureza sádica e impiedosa de Amon Göth. Ele era conhecido por atirar em prisioneiros a esmo, às vezes do pátio de sua casa, que tinha vista para o campo. Além disso, ele frequentemente ordenava execuções em massa, forçando prisioneiros a cavar suas próprias covas antes de serem baleados.
O julgamento de Göth ocorreu no contexto dos Julgamentos de Nuremberg, uma série de tribunais militares internacionais estabelecidos para responsabilizar os principais líderes nazistas por seus crimes. O julgamento de Göth, que ocorreu em 1946, focou em sua conduta como comandante do campo de concentração de Płaszów, mas também examinou sua afiliação com as SS nazistas.
O veredicto não deixou dúvidas quanto à culpabilidade de Göth. Ele foi condenado por crimes de guerra, crimes contra a humanidade e crimes contra o povo judeu. A sentença proferida foi a pena de morte por enforcamento, que foi cumprida em 13 de setembro de 1946.
Livros Recomendados
“Meu Avô Seria um Nazista? Descobrindo sua História Familiar Sombria”, Teege escreveu um livro (título original em inglês: “My Grandfather Would Have Shot Me: A Black Woman Discovers Her Family’s Nazi Past”), onde compartilha suas experiências e reflexões sobre a descoberta de sua história familiar e a busca por entender seu avô, Amon Göth.
A Lista de Schindler destaca o contraste entre Schindler, que salvou judeus, e o cruel Amon Göth, comandante do campo de Płaszów.