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Harriet Tubman: A Mulher que Mudou a História Americana

Harriet Tubman, uma heroína incontestável do século XIX, transcendeu as barreiras da escravidão para se tornar uma líder corajosa na luta pela liberdade e igualdade nos Estados Unidos. Nascida em 1822, durante o período da escravidão, Harriet fugiu para a liberdade e, como líder da Underground Railroad, ajudou cerca de 300 escravos a escaparem para o Norte. Tubman também atuou como enfermeira, espiã e recrutadora na Guerra Civil Americana. Após a guerra, dedicou-se ao ativismo pelos direitos civis e pelo sufrágio feminino. Seu legado de coragem e dedicação à liberdade a tornou uma figura icônica na história dos direitos civis dos Estados Unidos.

Infância e Escravidão de Harriet Tubman

Nascida em 1822, na região de Dorchester County, Maryland, ela era originalmente chamada de Araminta “Minty” Ross. Desde tenra idade, foi submetida às crueldades e às condições desumanas da escravidão.

Durante sua infância, Tubman experimentou a separação de sua família quando ela e seus parentes foram vendidos para diferentes donos. Ela começou a trabalhar como escrava doméstica ainda criança e, mais tarde, em trabalhos agrícolas extenuantes. O trabalho árduo e o tratamento brutal dos escravos eram uma parte dolorosa de sua existência.

Em sua juventude, Tubman sofreu uma grave lesão na cabeça quando foi atingida por um peso de ferro lançado por um supervisor. Essa lesão deixou marcas físicas e problemas de saúde ao longo de sua vida, mas também acreditava-se que tenha causado visões e sonhos espirituais que a orientaram em suas futuras ações.

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Gravura de Harriet Tubman

A partir de meados da década de 1840, a determinação de Tubman em escapar da escravidão começou a se fortalecer. Ela casou-se com um homem livre chamado John Tubman, mas sua busca pela liberdade a levou a tomar a decisão ousada de escapar sozinha em 1849, deixando para trás seu marido e sua família. Essa fuga marcou o início de sua extraordinária jornada rumo à liberdade e ao ativismo pelos direitos dos escravos, tornando-a uma das figuras mais proeminentes na história da luta pela igualdade nos Estados Unidos.

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A Fuga de Harriet Tubman para a Liberdade

A fuga de Harriet Tubman da escravidão em 1849 é um capítulo notável em sua vida que exemplifica sua coragem e determinação em busca da liberdade. Depois de décadas de servidão, Tubman decidiu tomar as rédeas de seu próprio destino e escapar para a liberdade.

A oportunidade para a fuga surgiu quando ela soube que seu dono, Edward Brodess, planejava vendê-la. Em 1849, Harriet Tubman, então com cerca de 29 anos, tomou a angustiante decisão de fugir. Ela conhecia o terreno local, pois havia trabalhado nas fazendas circundantes, o que lhe deu uma vantagem.

Tubman começou sua jornada de fuga em uma noite de setembro. Ela viajou a pé, à noite, seguindo o Norte como ponto de referência. Ela enfrentou perigos significativos, incluindo a possibilidade de ser capturada e morta, uma vez que a fuga de escravos era punida com severidade na época.

Harriet Tubman também teve que enfrentar inúmeras dificuldades, como fome, frio e falta de abrigo adequado durante sua jornada. No entanto, ela perseverou e encontrou ajuda ao longo do caminho. Pessoas que simpatizavam com sua causa forneceram abrigo temporário e orientação.

Depois de semanas de viagem incansável e perigosa, Tubman finalmente chegou à Filadélfia, onde a escravidão era ilegal. Sua jornada de fuga abriu as portas para uma nova vida de liberdade e independência. No entanto, sua determinação não parou por aí. Ela logo se tornaria uma condutora na Underground Railroad, ajudando inúmeros outros escravos a seguir o mesmo caminho em direção à liberdade.

Trabalho de Tubman como Condutora na Underground Railroad

A Underground Railroad não era um sistema ferroviário literal, mas sim uma rede secreta de rotas, refúgios e pessoas que ajudaram escravos a escapar da escravidão nos Estados Unidos durante o século XIX. Operava de forma clandestina e desafiava as leis pró-escravidão dos Estados do Sul. Embora não se saiba o número exato de escravos que foram resgatados através desse sistema, estima-se que milhares conseguiram escapar da escravidão graças a essa rede de solidariedade e coragem.

Harriet Tubman, em particular, é uma das figuras mais conhecidas associadas à Underground Railroad. Ela fez cerca de 19 viagens de volta ao sul para resgatar escravos fugitivos, conduzindo-os para a liberdade no Norte e no Canadá. Sua dedicação e coragem tornaram-na uma líder importante nesse esforço. Durante essas missões, conduziu centenas de escravos fugitivos para a liberdade, ganhando o respeito e a admiração de muitos.

A coragem de Tubman era lendária. Ela usava táticas astutas e truques engenhosos para evitar a detecção e a captura. Durante as viagens noturnas, usava luzes de lanternas e cânticos como códigos secretos para comunicar com outros condutores da Underground Railroad. Também se escondia em trilhas secretas e refúgios seguros conhecidos apenas por um círculo confiável de aliados abolicionistas.

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Atuação na Guerra Civil Americana

A atuação de Harriet Tubman na Guerra Civil Americana foi uma extensão natural de seu compromisso vitalício com a liberdade e a justiça.

Como a Guerra Civil se desenrolava, Tubman ofereceu seus serviços ao Exército da União, onde sua experiência na Underground Railroad a tornou uma recrutadora e uma espiã valiosa. Ela era conhecida por sua habilidade em se infiltrar em território confederado e fornecer informações cruciais às forças da União.

Estátua de Harriet Tubman em frente a CIA
Estátua de Harriet Tubman em frente a sede da CIA

No entanto, uma das missões mais notáveis de Tubman foi a liderança da Combahee River Raid, em junho de 1863. Nessa operação, ela guiou três embarcações a vapor para o sul da Carolina do Sul, onde ajudou a libertar mais de 700 escravos que trabalhavam nas plantações ao longo do rio Combahee. Essa ação ousada, que envolveu embates com forças confederadas, foi um dos primeiros casos de uma mulher afro-americana liderando uma expedição militar nos Estados Unidos.

Além de seu papel militar, Tubman trabalhou como enfermeira e cozinheira para as tropas da União, cuidando dos feridos e doentes soldados. Seu trabalho incansável ajudou a aliviar o sofrimento dos combatentes.

Pós-guerra: A Luta pela Liberdade e Pelos Direitos Civis

Após a Guerra Civil Americana, a atuação de Harriet Tubman continuou a ser marcada por seu compromisso incansável com a igualdade, os direitos civis e o bem-estar das pessoas. Sua influência e impacto na sociedade não diminuíram após o término do conflito; ao contrário, ela redobrou seus esforços em várias frentes.

Uma das causas às quais Tubman se dedicou ativamente foi a educação. Ela fundou escolas para crianças afro-americanas em seu estado natal, Maryland, acreditando que a educação era um dos caminhos mais importantes para a emancipação e o avanço da comunidade negra.

Tubman também esteve envolvida no movimento das sufragistas, que buscava o direito de voto para as mulheres. Ela trabalhou ao lado de figuras proeminentes como Susan B. Anthony e Elizabeth Cady Stanton, defendendo o direito das mulheres de participarem plenamente da democracia.

Seu compromisso com a igualdade racial e os direitos civis levou Tubman a apoiar esforços para melhorar a condição de vida dos afro-americanos, particularmente os idosos e os necessitados. Ela era uma defensora ativa do cuidado e apoio às comunidades mais vulneráveis.

Morte e Legado de Harriet Tubman

Harriet Tubman faleceu em 10 de março de 1913, em Auburn, Nova York, aos 91 anos de idade. Sua morte marcou o fim de uma vida extraordinária dedicada à luta pela liberdade, igualdade e direitos civis. Embora tenha partido, seu legado permanece vivo e inspirador, sendo amplamente lembrada por seu papel como condutora na Underground Railroad, sua atuação na Guerra Civil Americana e por sua busca por igualdade e liberdade.

Em 2020, foi anunciado que a imagem de Harriet Tubman seria apresentada na nova versão das notas de 20 dólares dos Estados Unidos, tornando-a a primeira mulher negra a ser homenageada em uma cédula de dinheiro nos EUA.

O legado de Harriet Tubman também inclui suas contribuições literárias. Ela colaborou com a autora Sarah Hopkins Bradford na autobiografia “Harriet, the Moses of Her People” (Harriet, a Moisés de seu Povo), que ajudou a espalhar sua história inspiradora por todo o país.

Ao longo dos anos, Harriet Tubman recebeu homenagens e reconhecimentos póstumos, incluindo a criação de parques, monumentos e instituições educacionais em sua honra.

Harriet Tubman na Cultura Pop

A figura icônica de Harriet Tubman transcendeu as páginas dos livros de história para se tornar uma influência duradoura na cultura pop. Sua incrível jornada de escrava fugitiva a líder da Underground Railroad inspirou uma série de filmes, livros e séries que ajudaram a perpetuar sua memória

No Cinema:

O filme biográfico “Harriet” (2019), dirigido por Kasi Lemmons e estrelado por Cynthia Erivo no papel-título, trouxe a história de Tubman para as telonas. O filme narra sua fuga da escravidão e sua dedicação em resgatar outros escravos, enfocando sua coragem e determinação. Cynthia Erivo recebeu elogios por sua atuação, e o filme reacendeu o interesse pela vida de Tubman.

Na Literatura:

Várias obras literárias destacaram a vida e o legado de Harriet Tubman. “Harriet Tubman: A Moses of Her People” (1886) de Sarah Hopkins Bradford foi uma das primeiras biografias a contar sua história. Autores contemporâneos também abordaram sua vida, como a obra “Harriet Tubman: The Road to Freedom” (2004) de Catherine Clinton. Esses livros oferecem uma visão mais profunda de sua jornada e impacto histórico.

Na Televisão:

A presença de Harriet Tubman também se estendeu à televisão. A série “Underground” (2016-2017) explorou a Underground Railroad e incluiu um arco de história dedicado a Tubman, interpretada por Aisha Hinds. Sua personagem foi retratada como uma líder corajosa e inspiradora.

Série Underground Railroad
Série Underground Railroad

Em Obras de Arte e Música:

Além do cinema, literatura e televisão, Harriet Tubman também tem sido uma fonte de inspiração na música e na arte. Artistas como Jacob Lawrence e Faith Ringgold criaram obras que homenageiam sua contribuição à história americana. Músicos como Paul Robeson e Bob Marley cantaram sobre sua coragem e luta.

A presença contínua de Harriet Tubman na cultura pop é um testemunho de seu impacto duradouro na sociedade. Ela é lembrada não apenas como uma heroína histórica, mas como um símbolo de perseverança, justiça e esperança.

Fernando Rocha

Fernando Rocha, formado em Direito pela PUC/RS e apaixonado por história, é o autor e criador deste site dedicado a explorar e compartilhar os fascinantes acontecimentos do passado. Ele se dedica a pesquisar e escrever sobre uma ampla gama de tópicos históricos, desde eventos políticos e culturais até figuras influentes que moldaram o curso da humanidade."

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