Guerra das Malvinas: A Atrapalhada Invasão Argentina
A Guerra das Malvinas, também conhecida como a Guerra das Falklands, foi um conflito armado ocorrido em 1982 entre o Reino Unido e a Argentina pela posse das Ilhas Malvinas, Geórgias do Sul e Sandwich do Sul, um arquipélago no Atlântico Sul.
Contexto histórico
Para entender a Guerra das Malvinas, é fundamental examinar os antecedentes históricos que levaram a esse conflito. As Ilhas Malvinas, situadas a cerca de 480 quilômetros da costa da Argentina e a 12.000 quilômetros do Reino Unido, foram descobertas por navegadores europeus no século XVI e, subsequentemente, colonizadas por diferentes potências coloniais. A Espanha, a França e a Grã-Bretanha reivindicaram a soberania sobre o arquipélago em diferentes momentos.
Em 1833, a Grã-Bretanha tomou posse das ilhas e estabeleceu uma colônia, expulsando a guarnição argentina que lá estava presente. Desde então, as Malvinas permaneceram sob controle britânico. A Argentina, no entanto, nunca reconheceu a soberania britânica sobre as ilhas e continuou a reivindicá-las como parte de seu território.
A década de 1980 trouxe um novo capítulo nas tensões entre Argentina e Reino Unido em relação às Malvinas. O governo argentino, liderado pela Junta Militar, buscava consolidar seu poder interno e enfrentava uma economia em dificuldades. Nesse contexto, a retórica nacionalista ganhou força, e as Malvinas se tornaram uma questão central na política argentina.
Em abril de 1982, o governo argentino, sob o comando do general Leopoldo Galtieri, decidiu invadir as Ilhas Malvinas, Geórgias do Sul e Sandwich do Sul. A ação militar surpreendeu o mundo e desencadeou a Guerra das Malvinas.
O início da Guerra das Malvinas
A invasão argentina das Ilhas Malvinas, ocorrida em 2 de abril de 1982, marcou o início da Guerra das Malvinas. A Argentina mobilizou um contingente militar considerável para a operação, composto por cerca de 13.ooo soldados. A maioria dessas tropas era composta por fuzileiros navais, soldados do exército argentino e forças especiais. Também mobilizou uma variedade de veículos blindados, artilharia e equipamentos de apoio.
No início do conflito, as forças britânicas nas proximidades das Malvinas eram relativamente pequenas, com aproximadamente 2.000 soldados. Essa superioridade Argentina resultou em uma rápida invasão das Malvinas pelas forças argentinas, o que levou a uma evacuação dos poucos habitantes britânicos presentes no arquipélago. A ação militar argentina desencadeou uma resposta imediata do governo britânico, liderado pela primeira-ministra Margaret Thatcher, que ordenou o envio de uma força-tarefa naval para retomar as ilhas.
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A Resposta Britânica
A resposta britânica à invasão argentina das Ilhas Malvinas, ocorrida em 2 de abril de 1982, foi marcada por uma rápida mobilização militar e diplomática. O Reino Unido estava determinado a retomar as ilhas e garantir sua soberania.
Logo após a invasão argentina, o governo britânico, liderado pela primeira-ministra Margaret Thatcher, começou a mobilizar uma força-tarefa naval para retomar as Ilhas Malvinas. Essa força-tarefa incluía porta-aviões, navios de guerra, submarinos e uma variedade de tropas terrestres, totalizando aproximadamente 27.000 soldados britânicos. A mobilização foi impressionantemente rápida, dada a distância das ilhas em relação ao Reino Unido.
Além da mobilização militar, o Reino Unido iniciou uma campanha diplomática para obter apoio internacional para sua posição. O governo britânico argumentou que a invasão argentina era uma violação da soberania britânica sobre as Malvinas e solicitou apoio diplomático de nações ao redor do mundo. A OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) também expressou seu apoio ao Reino Unido.
Guerra das Malvinas: Batalha Naval no Atlântico Sul
Um dos primeiros e mais notáveis confrontos navais ocorreu em 2 de maio de 1982, quando o submarino argentino ARA San Luis atacou o porta-aviões britânico HMS Invincible. No entanto, o ataque não teve sucesso, e o Invincible permaneceu operacional. Esse incidente destacou a ameaça representada pelos submarinos argentinos e a importância do controle dos mares para ambas as partes.
Outro confronto importante ocorreu na chamada Batalha das Georgias do Sul, em 25 de maio de 1982. As forças britânicas lançaram um ataque aéreo contra a base naval argentina em Grytviken, nas Ilhas Geórgias do Sul. Durante a batalha, o submarino argentino ARA Santa Fe foi danificado e posteriormente capturado pelas forças britânicas, enquanto o navio britânico HMS Coventry foi afundado por um avião argentino A-4 Skyhawk.
A batalha naval mais significativa e decisiva ocorreu durante a Operação Sutton, em 2 e 3 de maio de 1982. Nessa operação, as forças britânicas lançaram um ataque coordenado contra a frota argentina nas proximidades das Ilhas Malvinas. Durante os confrontos navais, vários navios argentinos foram afundados ou seriamente danificados, incluindo o cruzador ARA General Belgrano, que foi afundado pelo submarino britânico HMS Conqueror. Esse afundamento foi um dos momentos mais polêmicos da guerra, já que o General Belgrano estava fora da zona de exclusão estabelecida pelos britânicos.
A superioridade naval britânica ficou cada vez mais evidente à medida que a guerra avançava. Os navios de guerra britânicos, incluindo os porta-aviões HMS Hermes e HMS Invincible, desempenharam um papel crucial no fornecimento de cobertura aérea e apoio às forças terrestres britânicas durante a retomada das Ilhas Malvinas.
Recuperação das Ilhas Geórgias do Sul
O Reino Unido considerou a recuperação das Geórgias do Sul como uma prioridade estratégica, já que essas ilhas desempenhavam um papel importante como base militar e estação de pesquisa científica.
Rapidamente os britânicos organizaram uma operação militar para retomar as Ilhas Geórgias do Sul. A força-tarefa britânica incluía tropas do SAS (Special Air Service), forças de infantaria, unidades de apoio e uma força naval substancial, com navios de guerra e submarinos.
A operação britânica foi lançada em 25 de abril de 1982, quando as forças britânicas desembarcaram em Grytviken, a principal estação de pesquisa e assentamento nas ilhas. O desembarque ocorreu sob o codinome “Operação Paraquet” e enfrentou desafios significativos, incluindo condições climáticas adversas e uma resistência argentina determinada. A batalha pelo controle de Grytviken foi intensa, com forças britânicas e argentinas engajadas em combates de curta duração. A superioridade britânica em termos de treinamento e equipamento eventualmente prevaleceu, e as forças argentinas se renderam.
Com a captura de Grytviken, as forças britânicas conseguiram retomar o controle das Ilhas Geórgias do Sul. As operações de limpeza e estabilização foram realizadas para garantir que as ilhas estivessem completamente livres de forças argentinas.
A recuperação bem-sucedida das Ilhas Geórgias do Sul reforçou a confiança britânica e proporcionou uma base vital para as operações nas Malvinas. A ação nas Geórgias do Sul também demonstrou a determinação do Reino Unido em retomar suas possessões no Atlântico Sul.
O Desembarque Britânico em San Carlos
Um dos momentos mais críticos da campanha britânica foi o desembarque em San Carlos, nas Ilhas Malvinas, em 21 de maio de 1982.
O Desembarque em San Carlos foi um episódio crucial durante a Guerra das Malvinas de 1982, marcando um ponto de virada na campanha britânica para retomar as ilhas invadidas pela Argentina. Em 21 de maio daquele ano, as forças britânicas lançaram uma arriscada operação militar na enseada de San Carlos, localizada na costa oeste das Malvinas. Esta operação era parte integrante da estratégia britânica para recuperar as Ilhas Malvinas, que haviam sido invadidas pelas forças argentinas em 2 de abril de 1982.
O plano britânico era realizar um desembarque noturno em San Carlos, surpreendendo as forças argentinas que já estavam presentes na área. Para isso, o Reino Unido montou uma extensa força-tarefa militar, que incluía navios de guerra, submarinos e embarcações de desembarque. Essa operação era mantida em sigilo rigoroso, evitando vazamentos que pudessem alertar as forças argentinas sobre o ataque iminente.
No entanto, a operação enfrentou desafios consideráveis. As condições climáticas e do terreno na região eram adversas, com mau tempo, neblina e uma topografia irregular que dificultava a navegação e a movimentação das tropas britânicas. Além disso, as forças argentinas haviam estabelecido posições defensivas em torno da área, tornando o desembarque ainda mais perigoso.
As forças britânicas enfrentaram fogo inimigo de artilharia, metralhadoras e armas leves enquanto se aproximavam da costa e durante o desembarque. Apesar desses obstáculos e da resistência argentina, as tropas britânicas conseguiram realizar com êxito o desembarque em San Carlos. Eles rapidamente estabeleceram uma cabeça de ponte na área e começaram a consolidar suas posições.
O Desembarque em San Carlos foi um ponto de virada na Guerra das Malvinas. A capacidade britânica de estabelecer uma posição sólida nas Malvinas naquela região estratégica forçou as forças argentinas a se reagruparem e se defenderem em Port Stanley, a capital das ilhas. A partir de San Carlos, as forças britânicas lançaram ofensivas bem-sucedidas para retomar outras áreas das ilhas.
A Queda de Port Stanley, o Fim da Aventura Militar Argentina
Depois do sucesso do Desembarque em San Carlos, que estabeleceu uma cabeça de ponte na costa oeste das Malvinas, as forças britânicas começaram a se movimentar em direção a Port Stanley, a capital das ilhas e o centro da resistência argentina. A cidade era defendida por forças argentinas bem equipadas e determinadas a resistir.
À medida que as forças britânicas se aproximavam de Port Stanley, confrontos intensos e batalhas ferozes ocorriam ao longo do caminho. A superioridade britânica em termos de treinamento, equipamento e apoio logístico se tornava evidente, mas as defesas argentinas estavam bem preparadas. As forças argentinas empregaram artilharia, metralhadoras e armas leves para retardar o avanço britânico e infligir perdas.
No entanto, as forças britânicas continuaram a avançar gradualmente, enfrentando terreno acidentado e desafios climáticos, como o frio e o vento gelado. À medida que se aproximavam de Port Stanley, a pressão sobre as defesas argentinas aumentava.
A batalha final por Port Stanley ocorreu em 11 de junho de 1982, quando as forças britânicas lançaram um ataque decisivo. Durante esse combate, os britânicos conseguiram romper as linhas defensivas argentinas e entrar na cidade. O combate nas ruas foi feroz e intenso, mas as forças argentinas estavam cada vez mais cercadas e isoladas.
No dia 14 de junho de 1982, após 74 dias de conflito, as forças argentinas finalmente se renderam em Port Stanley. O general argentino Mario Menéndez, comandante das forças argentinas nas Malvinas, assinou a rendição formal em um ato simbólico que encerrou a Guerra das Malvinas. A rendição ocorreu em uma escola em Port Stanley, que serviu como quartel-general das forças britânicas após a captura da cidade.
Impacto humano da Guerra das Malvinas
Os números precisos de baixas e perdas podem variar em diferentes fontes, mas aqui estão algumas estimativas aproximadas:
Argentina:
- Estima-se que as forças argentinas tenham sofrido cerca de 649 mortes em combate durante a guerra.
- Além disso, houve centenas de feridos nas fileiras argentinas, com muitos sofrendo lesões graves e incapacitantes.
- Muitos marinheiros argentinos também perderam a vida quando os navios de guerra argentinos foram afundados em batalhas navais com a Marinha Real Britânica.
- Após a rendição argentina, muitos soldados argentinos foram capturados como prisioneiros de guerra e permaneceram detidos por algum tempo.
Reino Unido:
- As forças britânicas sofreram um total de 255 mortes em combate durante a Guerra das Malvinas.
- Além das baixas fatais, houve centenas de feridos, alguns com lesões graves.
- O afundamento do navio de guerra HMS Sheffield e a perda de outras embarcações resultaram na morte de marinheiros britânicos.
Além das perdas militares, a guerra também teve impactos significativos nas comunidades civis nas Ilhas Malvinas. Houve evacuações de civis britânicos das ilhas durante o conflito, e algumas dessas evacuações foram traumáticas.