Santos Dumont: Um Sonhador que Mudou a História da Aviação
Alberto Santos Dumont, o “Pai da Aviação Brasileira”, foi um dos maiores inventores e pioneiros da aviação no mundo. Ele é conhecido por ter construído o avião “14-bis”, que realizou o primeiro voo controlado e tripulado na Europa em 1906, em Paris. Santos Dumont é lembrado pela sua contribuição para a ciência e a tecnologia e continua a inspirar e influenciar muitos até hoje.
Anos iniciais
Santos Dumont teve uma vida rica e interessante. Nascido em 20 de julho de 1873, em uma família rica em Palmira, Minas Gerais, Santos Dumont era o sexto filho de seu pai, Henrique Dumont, e de sua mãe, Francisca de Paula Santos.
Desde muito jovem, Santos Dumont mostrou interesse em mecânica e tecnologia. Ele frequentou escolas em Campinas e São Paulo, mas logo se mudou para Paris, onde teve a oportunidade de estudar e aprimorar suas habilidades em mecânica e eletricidade.
Em Paris, Santos Dumont começou a trabalhar como aprendiz em uma oficina mecânica e logo se destacou por sua inteligência e habilidade técnica. Ele passou a construir modelos de balões e outros objetos voadores, e foi em 1898 que ele construiu seu primeiro dirigível, o “Brasil”. Este foi um grande avanço na tecnologia de transporte aéreo, e Santos Dumont ficou conhecido como um dos pioneiros da aviação.
Embora seu trabalho tenha sido bem recebido na Europa, Santos Dumont enfrentou alguns desafios. Muitos o viam como um inventor de um país em desenvolvimento e questionavam sua capacidade de competir com os inventores europeus. No entanto, Santos Dumont perseverou e continuou a trabalhar duro em suas invenções.
Durante seus anos antes da fama, Santos Dumont também era conhecido por sua personalidade amável e generosa. Ele frequentemente ajudava pessoas menos afortunadas e doava seu dinheiro para causas nobres. Ele se tornou um grande amigo de muitos em Paris e era frequentemente visto em eventos sociais e jantares com a elite da cidade.
O grande inventor
Santos Dumont é conhecido como um dos maiores inventores e pioneiros da aviação do mundo. Durante sua vida, ele criou diversas invenções que tiveram um grande impacto na aviação e na tecnologia em geral. Aqui estão algumas de suas invenções mais notáveis:
Balão Nº 1: Em 1898, Santos Dumont construiu seu primeiro balão dirigível, o Balão Nº 1. Ele usou motores elétricos para controlar a direção do balão e voou cerca de 4 km em seu primeiro teste.
Dirigível Nº 6: Em 1901, Santos Dumont construiu o Dirigível Nº 6, que foi o primeiro dirigível a voar em torno da Torre Eiffel em Paris. Este dirigível foi um grande avanço em tecnologia aérea e Santos Dumont se tornou um herói nacional na França.
14-bis: Em 1906, Santos Dumont construiu seu avião mais famoso, o 14-bis. Ele realizou o primeiro voo controlado e tripulado na Europa com este avião em Paris. Este foi um marco importante na história da aviação e estabeleceu Santos Dumont como um dos maiores inventores da história.
Demoiselle: Em 1909, Santos Dumont construiu um avião mais leve e mais ágil, o Demoiselle. Este avião foi um grande avanço na tecnologia aeronáutica e é considerado o primeiro avião de treinamento da história.
Relógio de pulso: Além de suas invenções aeronáuticas, Santos Dumont também inventou o relógio de pulso. Ele tinha dificuldade em verificar o tempo durante os voos em seus dirigíveis e, portanto, criou um relógio que poderia ser usado no pulso.
Além dessas invenções notáveis, Santos Dumont também fez várias contribuições importantes para a tecnologia de motores aéreos, incluindo o uso de motores elétricos em balões e aeronaves e o uso de hélices para gerar impulso.
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14 bis
O 14-bis, também conhecido como Oiseau de proie (“Pássaro de Rapina”), foi o primeiro avião a decolar por conta própria, a voar uma distância significativa e a pousar sem causar danos.
O 14-bis tinha um design elegante e revolucionário para a época, com um conjunto de asas longas e finas, um motor a gasolina de 50 cavalos de potência e uma hélice de dois pás na traseira. Santos Dumont construiu o avião com um quadro de bambu e asa de seda, e seu peso total era de cerca de 230 kg.
Em 1908, Santos Dumont foi homenageado pelo governo francês com a Legião de Honra, uma das maiores honrarias francesas. No mesmo ano, ele recebeu a Medalha de Ouro da Royal Aeronautical Society, uma organização britânica dedicada à promoção da aviação. Em 1913, Santos Dumont recebeu a Ordem de Cristo, uma das mais altas honrarias do Brasil, concedida a indivíduos que contribuíram significativamente para a cultura e a ciência do país.
Santos Dumont também foi homenageado por suas contribuições para o desenvolvimento da aviação com a criação de prêmios em seu nome. Em 1928, o Aeroclube do Brasil criou o Prêmio Santos Dumont, concedido a indivíduos que se destacaram em vôos pioneiros ou na pesquisa e desenvolvimento de aeronaves. Em 1956, a Força Aérea Brasileira criou a Medalha Santos Dumont, concedida a oficiais e civis que tenham contribuído significativamente para a aeronáutica brasileira.
Hoje, o nome de Santos Dumont é lembrado em todo o mundo como um pioneiro da aviação. Várias cidades e aeroportos no Brasil e no exterior levam seu nome, e muitas instituições, incluindo a Embraer, a empresa aeroespacial brasileira, continuam a homenageá-lo e se inspiram em suas realizações pioneiras. Além disso, a vida e as realizações de Santos Dumont são estudadas e comemoradas por historiadores e entusiastas da aviação em todo o mundo.
Dramas pessoais e a morte de Santos Dumont
Apesar de ser lembrado como um pioneiro da aviação, Alberto Santos Dumont também teve uma vida marcada por dramas pessoais e uma morte trágica.
Um dos primeiros dramas de Santos Dumont foi o acidente que sofreu em 1901, quando seu dirigível n° 5 caiu no Sena, em Paris. O acidente o deixou gravemente ferido e abalado emocionalmente, levando-o a deixar de lado seus projetos de dirigíveis para se concentrar em aviões.
Outro drama foi a crescente pressão que ele sentiu com a corrida internacional pela conquista do espaço aéreo, que culminou em seu fracasso na tentativa de voar o 14 Bis no Aeroporto de Bagatelle, em Paris, em 1906. A partir daí, Santos Dumont enfrentou problemas de saúde e depressão, chegando a abandonar a aviação por um tempo.
A morte de seu irmão mais novo, João, em 1910, também foi um grande golpe para Santos Dumont, que ficou arrasado com a perda. Isso o levou a questionar seu trabalho na aviação e sua contribuição para o mundo.
No final da década de 1920, Santos Dumont começou a sofrer com os sintomas da esclerose múltipla, uma doença degenerativa que afeta o sistema nervoso. Ele começou a se isolar e a sofrer com crises de depressão e ansiedade, que culminaram em sua morte em 23 de julho de 1932, aos 59 anos.
Após sua morte, surgiram especulações sobre a causa do suicídio de Santos Dumont, incluindo sua frustração com a falta de reconhecimento por parte do governo brasileiro e a possibilidade de que ele tenha sido vítima de bullying na França, onde morou grande parte de sua vida. No entanto, não há evidências concretas que sustentem essas teorias.
Independentemente das causas de sua morte, o legado de Santos Dumont como pioneiro da aviação e inventor de renome mundial permanece até hoje. Seus feitos foram uma fonte de inspiração para muitos, e suas contribuições para a aviação foram fundamentais para a evolução do setor.
Santos Dumont na cultura pop
Suas contribuições para o mundo da aviação o transformaram em uma figura de destaque na cultura popular, inspirando a criação de filmes, livros, músicas e séries.
Uma das adaptações mais famosas da vida de Santos Dumont é o filme “14 Bis”, dirigido por André Ristum e lançado em 2006. O filme retrata a vida do inventor brasileiro desde sua juventude, incluindo a criação do avião 14 Bis, que lhe rendeu um lugar na história da aviação. O filme recebeu críticas positivas e se tornou um sucesso de bilheteria.
Além disso, Santos Dumont é mencionado em várias obras literárias. Por exemplo, em “O Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry, a personagem do aviador menciona que foi inspirado por Santos Dumont para se tornar um piloto. Santos Dumont também é mencionado em obras de autores brasileiros, como Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade e Machado de Assis.
A música também se inspirou na figura de Santos Dumont, com artistas brasileiros e internacionais compondo músicas em sua homenagem. A banda de rock brasileira Legião Urbana, por exemplo, lançou uma música intitulada “Os Anjos” que menciona Santos Dumont. O cantor e compositor Caetano Veloso também mencionou Santos Dumont em sua música “Sampa”.
Além disso, Santos Dumont já foi retratado em programas de televisão e séries documentais. Por exemplo, o canal de televisão National Geographic produziu uma série documental em 2016, intitulada “O Homem que Viu o Futuro”, que explora a vida e as realizações de Santos Dumont. A série também inclui entrevistas com especialistas em aviação e historiadores.