Barão Vermelho – um dos maiores pilotos da história
O Barão Vermelho foi um piloto de caça alemão que lutou durante a Primeira Guerra Mundial e se tornou uma lenda em seu país. Seu nome verdadeiro era Manfred von Richthofen e ele é considerado o ás dos áses, com 80 vitórias confirmadas em combate aéreo.
Anos iniciais
O Barão Vermelho, ou Manfred Albrecht Freiherr von Richthofen, nasceu em 2 de maio de 1892, em Breslau, na Alemanha. Ele era o terceiro filho do Major Albrecht Philipp Karl Julius Freiherr von Richthofen, um oficial do exército prussiano, e sua esposa, Kunigunde von Schickfus und Neudorff.
Desde jovem, Richthofen demonstrou interesse em atividades ao ar livre, como caça e equitação.
Richthofen se juntou ao exército alemão em 1911
Início da Primeira Guerra Mundial
A eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914 mudou o curso da vida de Richthofen. Ele serviu, inicialmente, na infantaria como oficial de reconhecimento da cavalaria, tendo atuado tanto frente ocidental como na frente oriental.
Esteve em combate na Rússia, na França e na Bélgica no entanto a guerra de trincheiras (nome dado a fase da Primeira Guerra Mundial onde não havia movimento, ficando os soldados entrincheirados), fez com que as operações da cavalaria tradicional se tornassem ineficientes e o regimento de Richthofen foi extinto, e ele passou a servir como entregador de correspondência e operador de telefone de campo.
Richthofen não estava satisfeito em não participar ativamente dos combates e solicitou transferência, em 1915, para a força aérea alemã, a Luftstreitkräfte.
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Atuação como piloto
Entre Junho e Agosto de 1915, Richthofen foi um observador em missões de reconhecimento sobre a Frente Oriental com o Fliegerabteilung 69 (Esquadrão de voo No. 69).
Depois de conhecer o piloto de caça e ás da aviação, Oswald Boelcke, Richthofen decidiu iniciar o treinamento para piloto em outubro de 1915, e apenas cinco meses depois, em março de 1916, ele se juntou ao Kampfgeschwader 2 (Esquadrão de bombardeio No. 2), onde voou com a aeronave Albatros C.III, um avião biposto.
No início, Richthofen não teve muito sucesso como piloto, tendo dificuldades para controlar o avião e caindo logo no seu primeiro voo. Em que pese o mau começo, ele se adaptou rapidamente e nos céus de Verdun, em 26 de abril de 1916, ele derrubou um Nieuport francês, porém, sua vitória não foi oficializada.
Depois de um período pilotando aviões biposto na frente oriental, ele encontrou, outra vez, Oswald Boelcke em agosto de 1916. O renomado piloto estava visitando a frente oriental em busca de candidatos para a sua recém formada unidade de caça – Jasta 2. Richthofen se entusiasmou com a oportunidade e se juntou a recém formada unidade.
Em setembro de 1916, ele foi transferido para a unidade de caça Jasta 2, e Boelcke se tornou mentor e amigo de Richthofen. Foi na Jasta 2 e com a mentoria de Boelcke que Richthofen aprendeu a usar táticas de combate aéreo, como a formação em “V” e o ataque de mergulho.
Richthofen venceu seu primeiro combate aéreo com o Jasta 2 sobre Cambrai, França em 17 de setembro de 1916.
A parceria de Richthofen com Boelcke não durou muito. Boelcke morreu devido a uma colisão aérea com um avião “amigo” em 28 de outubro de 1916, tendo Richthofen testemunhado esse acidente.
O Barão Vermelho era um piloto habilidoso e um líder carismático. Ele tratava seus subordinados com respeito e era adorado por seus colegas pilotos. Richthofen também foi um homem de honra, que respeitava seus adversários no campo de batalha. Ele uma vez salvou a vida de um piloto britânico ferido, levando-o para uma unidade médica alemã para receber tratamento.
Ao longo de sua carreira, Richthofen abateu 80 aviões inimigos, o que o tornou um dos mais bem sucedidos pilotos da história da aviação militar.
A decisão de pintar o avião de vermelho
é importante entender que Richthofen não foi o primeiro piloto de caça a pintar seu avião com cores chamativas e distintas. Vários outros pilotos alemães e aliados já haviam pintado seus aviões com cores vivas para torná-los mais facilmente identificáveis em combate aéreo.
No entanto, a escolha de Richthofen por um vermelho brilhante e distintivo se destacou dos padrões usuais. Uma das teorias mais comuns é que o Barão Vermelho pintou seu avião de vermelho para se destacar e atrair a atenção dos inimigos. Ele acreditava que isso o ajudaria a atrair inimigos para um combate, dando-lhe a oportunidade de derrubar mais aviões inimigos.
Outra teoria é que Richthofen escolheu a cor vermelha como uma homenagem à sua antiga unidade de cavalaria, que também usava uniformes vermelhos. Como um ex-cavaleiro, o Barão Vermelho teria se sentido ligado às suas raízes militares e escolheu o vermelho como uma forma de prestar homenagem.
Também há teoria de que pintar o avião de vermelho seria uma tática psicológica contra o inimigo, que ao ver o avião vermelho saberia que teria que enfrentar o Barão Vermelho e isso já deixaria os pilotos inimigos desestabilizados.
O legado e o reconhecimento do Barão Vermelho
O impacto do Barão Vermelho na história da aviação foi imenso. Ele desenvolveu táticas de combate aéreo que foram amplamente adotadas por outros pilotos e seu legado inspirou gerações de aviadores. Após a Primeira Guerra Mundial, as táticas que ele desenvolveu foram aprimoradas e aperfeiçoadas ao longo das décadas seguintes e ainda são usadas por pilotos militares hoje em dia.
A primeira honra significativa recebida por Richthofen foi a Ordem de Mérito Militar da Baviera, que foi concedida a ele em 1916 por sua bravura em combate. Ele também recebeu a Cruz de Ferro de segunda classe naquele mesmo ano. Pouco tempo depois, em janeiro de 1917, ele foi agraciado com a Cruz de Ferro de primeira classe.
Em março de 1917, Richthofen foi selecionado para comandar o recém-criado Jagdgeschwader 1 (JG1), uma unidade de caças alemães altamente respeitada. Sob sua liderança, a JG1 teve grande sucesso em combate, e Richthofen logo se tornou um ícone entre as forças alemãs. Em reconhecimento a suas realizações, ele foi agraciado com a mais alta honra militar da Alemanha, a Pour le Mérite (mais conhecida como a “Blue Max”), em janeiro de 1918.
Além dessas honrarias, Richthofen também recebeu diversas outras condecorações ao longo de sua carreira, incluindo a Ordem da Casa de Hohenzollern, a Ordem de Alberto, a Ordem de Frederico, a Ordem de Leopoldo, a Ordem de Rodolfo e a Cruz de Ferro de 2ª Classe com Espadas. Sua coleção de medalhas e condecorações é impressionante, e reflete o grande respeito e admiração que ele conquistou em toda a Alemanha.
Embora tenha sido responsável pela morte de muitos pilotos inimigos, o Barão Vermelho também era admirado por seus adversários. Muitos pilotos britânicos e franceses expressaram tristeza pela morte de Richthofen e o respeitaram como um adversário formidável e um cavalheiro no campo de batalha.
O impacto do Barão Vermelho na cultura pop
Richthofen também teve um impacto cultural duradouro, inspirando livros, filmes e jogos sobre a Primeira Guerra Mundial e o combate aéreo. Ele se tornou um ícone na Alemanha e é lembrado como um herói nacional.
Filmes e programas de TV
O Barão Vermelho foi retratado em uma variedade de filmes e programas de TV, muitos dos quais exploram sua vida e carreira na Primeira Guerra Mundial. Um dos mais populares é o filme “The Red Baron” de 2008, que segue a vida e a carreira do Barão Vermelho e conta com a atuação de Matthias Schweighöfer no papel principal. Outro exemplo é o filme “Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, O Filme” de 2015, que apresenta uma versão animada do Barão Vermelho como um dos principais antagonistas.
Música
O Barão Vermelho também influenciou a música pop ao longo das décadas. Uma das canções mais famosas sobre o Barão Vermelho é “Snoopy vs. The Red Baron”, lançada pelo grupo The Royal Guardsmen em 1966. A música, que foi um sucesso na época, conta a história do personagem Snoopy lutando contra o Barão Vermelho.
A banda de metal Sabaton também prestou homenagem ao Barão Vermelho com sua música – Red Baron.
O nome da banda brasileira Barão Vermelho também foi dado em virtude de Richthofen.
Jogos
O Barão Vermelho também apareceu em vários jogos de vídeo game. Um dos exemplos mais notáveis é o jogo de simulação de voo “Red Baron” lançado em 1990 pela Dynamix. O jogo permite que os jogadores controlem um avião da Primeira Guerra Mundial e lutem em batalhas aéreas.
Literatura
Além disso, a lenda do Barão Vermelho foi perpetuada em diversos livros de ficção e não-ficção. Por exemplo, o livro “The Red Baron” de Manfred von Richthofen, publicado em 1917, oferece um relato da carreira do próprio Barão Vermelho. O livro foi amplamente lido na época e ajudou a aumentar a popularidade do piloto.
A morte do Barão Vermelho
Richthofen continuou a lutar na Primeira Guerra Mundial até ser morto em ação em 21 de abril de 1918. A morte do Barão Vermelho ocorreu durante a batalha de Somme, na França. Richthofen liderava um grupo de oito aviões em uma patrulha quando avistaram uma esquadrilha de caças britânicos. Richthofen imediatamente se lançou no combate, mas acabou sendo perseguido pelo piloto canadense Roy Brown. Brown disparou vários tiros em Richthofen, atingindo-o no peito. O Barão Vermelho conseguiu aterrissar seu avião, mas morreu alguns instantes depois.
A morte de Richthofen chocou o mundo, tanto pela perda de um herói de guerra quanto pela perda de um piloto tão habilidoso. Muitas teorias surgiram sobre as circunstâncias exatas de sua morte, incluindo a possibilidade de que ele tenha sido abatido por tiros terrestres enquanto voava baixo ou que tenha sido alvejado por um atirador de infantaria britânico.
No entanto, a análise forense do corpo de Richthofen revelou que a bala que o atingiu foi disparada de um ângulo frontal, o que sugere que foi de fato Roy Brown quem o matou. Brown foi creditado com a vitória sobre o Barão Vermelho, mas nunca teve certeza se realmente o matou, pois outros aviões britânicos também estavam presentes no momento do combate.