Ravensbrück – O Campo de Concentração só para Mulheres
Ravensbrück foi um dos primeiros campos de concentração construídos, tendo suas operações iniciadas em maio de 1939 e foi o único campo de concentração destinado exclusivamente para mulheres. Foi neste campo que Olga Benario, esposa de Luis Carlos Prestes, foi presa em 1939.
Não foi um campo de concentração idealizado para o extermínio, tendo como objetivo, assim como o Campo de Concentração de Buchenwald, fornecer mão de obra escrava para o regime nazista. Contudo, a finalidade de Ravensbrück não impediu que milhares de mulheres fossem mortas, vítimas de fome, experiências médicas, abusos e maus tratos oferecidos pelos guardas da Schutzstaffel (SS Nazista).
Estrutura do campo
O campo de concentração de Ravensbrück estava situado a apenas 90 km ao norte da cidade de Berlin, no município de Fürstenberg. Inicialmente o campo oferecia boas condições para as prisioneiras, em comparação com os demais campos administrados pela SS-Totenkopfverbände. Oferecia uniformes limpos e alguns itens de higiene, contudo as condições do campo se deterioraram com o avançar a guerra e com o grande número de prisioneiras.
O campo de concentração de Ravensbrück era administrado pela SS-Totenkopfverbände, subdivisão da Schutzstaffel (SS Nazista) responsável pelos campos de trabalho forçado e de extermínio que optou por manter o campo exclusivamente para mulheres.
Ao longo de sua existência, o campo de concentração recebeu aproximadamente 132 mil mulheres, oriundas da 23 países, pessoas ingratas sob a ótica deturpada do regime nazista: presas políticas, judias, ciganas, comunistas, prostitutas e homossexuais.Havia um fábrica da empresa alemã Siemens, nas imediações de Ravensbrück, que se valia da mão de obra fornecida pelo campo de concentração. Segundo o relato de sobreviventes, como Selma van der Perre, que disse à BBC:
“tínhamos que ir trabalhar na fábrica da Siemens, onde pagavam pelas prisioneiras: nós não recebíamos o dinheiro, ele era entregue à SS… Trabalhávamos por 12 horas e depois voltávamos ao campo. Por volta das 20h nos davam um prato de sopa e dormíamos.”
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Os horrores de Ravensbrück
O campo de concentração de Ravensbrück foi o lar de algumas figuras desprezíveis, como a de Irma Grese – A Besta de Belsen, que iniciou a sua infame carreira de guarda da SS se voluntariando para trabalhar no campo de Ravensbrück.
Outra figura repulsiva que prestou serviço em Ravensbrück foi Maria Mandl, que ficou “famosa” por organizar uma orquestra de meninas em Aushwitz, onde eram forçadas a tocar durante o transporte dos prisioneiros e das execuções.
A historiadora Sarah Helm, autora do livro Ravensbrück: A história do campo de concentração nazista para mulheres, afirmou:
“Assim como Auschwitz foi a capital do crime contra os judeus, Ravensbrück foi a capital do crime contra as mulheres”
Segundo a historiadora, em Ravensbrück ocorreram diversos crimes de gênero, como esterilizações forçadas, abortos e prostituição compulsória.
No final da guerra, muitos campos de extermínio localizados a leste da Alemanha tiveram que desmontar sua estrutura de genocídio industrial, desativando as câmaras de gás e os fornos de cremação. Uma parte da estrutura desmontada de Auschwitz foi transportada para Ravensbrück, convertendo o campo concebido para trabalhos forçados em campo de extermínio no final da guerra.
O campo de concentração de Ravensbrück, também ficou conhecido por realizar experimentos médicos com as prisioneiras. A Dra. Herta Oberheuser, sob direção do Dr. Karl Gebhardt, realizou experimentos médicos horrendos, que não trouxeram nenhum benefício a ciência médica, apenas matou e mutilou diversas prisioneiras.
Dentre os experimentos de Herta Oberheuser estão a aplicação de injeções de óleo em crianças saudáveis, porém, seu foco era em simular feridas de combate dos soldados alemães, onde Herta introduzia objetos estranhos, tais como farpas madeira, pregos enferrujados, lascas de vidro, sujeira, ou a serragem nas feridas.
Não há um número certo de quantas mulheres perderam a vida em Ravensbrück, mas as estimativas giram em torno de 30 mil mulheres que pereceram no campo.
Libertação de Ravensbrück
Muito perto do final da II Guerra Mundial, nos meses de março e abril de 1945, a Cruz Vermelha sueca conseguiu negociar com o poderoso Heinrich Himmler, o Reichsführer da SS, a libertação de milhares de prisioneiras de Ravensbrück.
Com o avanço das tropas do Exército Vermelho se aproximando de Ravensbrück, os soldados alemães conduziram todas as mulheres, que não haviam sido entregues para a Cruz Vermelha sueca e que ainda tinham condições de andar, para uma marcha da morte.
O Exército Vermelho libertou Ravensbrück em 30 de abril de 1945, porém encontrou apenas três mil prisioneiras que estavam em péssimas condições de saúde e que não puderam sair com as demais para a marcha da morte.
A história de foi por muito tempo esquecida, em parte porque o campo de concentração ficava inacessível aos historiadores ocidentais, já que ficou no lado oriental da Alemanha, sob a cortina de ferro.