Primeira Guerra Mundial
A Primeira Guerra Mundial foi um dos maiores conflitos militares da história, a guerra das guerras, ou como ficou conhecida “Grande Guerra”. Mobilizou cerca de 70 milhões de combatentes, dos quais, cerca de 10 milhões morreram em combate.
O conflito se iniciou em 28 de julho de 1914 e terminou em 11 de novembro 1918, durando pouco mais de quatro anos, foi capaz de mudar o mundo e redesenhar o mapa da Europa, trazer avanços tecnológicos e semear um novo conflito 20 depois, a Segunda Guerra Mundial.
Causas da Primeira Guerra Mundial
Conflitos de grande escala costumam ter múltiplas causas e com a Primeira Guerra Mundial não é diferente. Pode-se apontar diversas causas para a eclosão da Grande Guerra, uma das mais importantes é a disputa imperialista das potências europeias e as grandes disputas econômicas que pautavam a Europa no pré-guerra.
O Nacionalismo e os ressentimentos entre grandes potências também deram causa e jogaram mais lenha na fogueira que se armava.
Questões Nacionalistas e os ressentimentos do passado entre potências europeias
A França nutria um forte ressentimento contra os alemães por conta do desfecho da Guerra Franco-Prussiana, entre 1870 e 1871, onde a França amargou uma derrota humilhante, perdendo a rica região da Alsácia-Lorena.
A rendição francesa ter sido assinada no Palácio de Versalhes era considerada, pelos franceses, como uma humilhação histórica, o que alimentava um sentimento de revanchismo que aguardava a mínima fagulha para se acender.
Logo após o conflito Franco-Prussiano, a Prússia se autoproclamou Império Alemão.
Já nos Balcãs, até então dominado pelo Império Austro-Húngaro, diversos movimentos separatistas emergiam. Os sérvios almejavam a formação da Grande Sérvia, reclamando o território da Bósnia que desde 1908 pertencia ao Império Austro-Húngaro. Os russos apoiavam o movimento dos sérvios o que gerava um enorme ponto de atrito entre os russos e o Império Austro-Húngaro.
Disputa imperialista antes da Primeira Guerra Mundial
Com a unificação alemã após a Guerra Franco-Prussiana, a Alemanha experimentou uma forte industrialização e despontou como grande potência europeia colocando em risco a posição do Reino Unido e da França.
Contudo, os alemães chegaram atrasados e não estavam satisfeitos com o imperialismo do Reino Unido e da França na África e na Ásia, já que estes países tinham vastas colônias sob seu domínio e pouco sobrou para os alemães.
Dentro da Alemanha crescia o sentimento de que o poder do Império Britânico era, em grande parte, fruto da sua enorme marinha de guerra, a famosa Royal Navy, o que fez com que os alemães passassem a investir muito dinheiro para criar uma marinha poderosa para contrapor o poderio marítimo britânico.
Corrida armamentista e os pactos militares
Os líderes da Europa, diante do cenário de grandes animosidades entre diversas nações, tinham a convicção de que mais cedo ou mais tarde haveria uma guerra no continente. As principais potências europeias começaram a se armar.
o chanceler Otto von Bismarck, líder da unificação alemã estabeleceu com a vizinha Áustria-Hungria e com a Itália um tratado militar e econômico chamado de Tríplice Aliança em 20 de maio de 1882. Do ponto de vista militar, o tratado se assemelha muito com a atual OTAN, já que obrigava os países membros a saírem em defesa do parceiro atacado.
A Tríplice Aliança, do ponto de vista dos países que não faziam parte, especialmente França e Rússia, desequilibravam a balança de poder na Europa.
Após a saída de Otto von Bismarck em 1890, dispensado pelo Kaiser Guilherme II, a política externa alemã passou a ser mais agressiva, fazendo com que França, Reino Unido e Rússia buscassem estabelecer acordos similares a Tríplice Aliança.
Para contrabalancear o poder da Tríplice Aliança, França e Rússia assinaram um acordo, a Aliança Franco-Russa em 1891. O Reino Unido assinou um acordo similar com a França, a Entente Cordiale, em 1904. Em 1907 a Rússia e o Reino Unido também assinaram um acordo, a Entente Anglo-Russa.
Desta forma, em 1907, se formou a Tríplice Entente, reunindo Rússia, França e Reino Unido em uma aliança que confrontava diretamente a Tríplice Aliança.
O estopim que causou o início da Primeira Guerra Mundial
O arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono da Áustria-Hungria, pretendia transformar a Austria-Hungria em uma Federação, dando certa autonomia para cada uma das regiões. Como forma de conseguir apoio, o arquiduque resolveu fazer uma visita de Estado a Sarajevo, na Bósnia, que poucos anos antes havia sido integrada ao Império Austro-Húngaro.
Sabendo da visita de Francisco Ferdinando, um grupo nacionalista bósnio, chamado Mão Negra, tentou organizar um atentado contra a vida do arquiduque. Eles aguardaram a chegada da comitiva em uma ponte e assim que o veículo de Francisco Ferdinando se aproximou, lançaram uma granada que acertou o veículo porém, só explodindo segundos depois, atingindo o carro que vinha logo atrás.
O arquiduque não se intimidou com o ataque e seguiu sua agenda normalmente. Outro ataque foi executado contra Ferdinando no dia 28 de junho de 1914. Desta vez com um desfecho menos favorável ao herdeiro do Império Austro-Húngaro e sua esposa, que viriam a falecer com os disparos de Gavrilo Princip, um integrante do Mão Negra.
A Austria-Hungria, com apoio alemão, pressionou o Governo Sérvio para esclarecer o assassinato de Francisco Ferdinando, porém os sérvios não cederam a pressão, levando a Austria-Hungria a declarar guerra contra a Sérvia no dia 28 de julho de 1914.
O início da Primeira Guerra Mundial
Após o assassinato de Francisco Ferdinando e a declaração de guerra da Austria-Hungria contra a Sérvia, uma sucessão de eventos ocorreu, muitos dos quais, por conta das alianças que se formaram no pré-guerra.
Os Russos, em defesa da Sérvia, mobilizaram tropas na fronteira com a Galícia, fronteira com o Império Austro-Húngaro, levando a Alemanha a declarar guerra contra a Rússia em 01 de agosto de 1914. Em virtude do tratado da Tríplice Entente, em 03 de agosto de 1914, os franceses declararam guerra contra a Alemanha que no mesmo dia, também declarou guerra contra a França.
A fronteira entre a França e a Alemanha era muito bem defendida pelos franceses. Para invadir a França, a Alemanha optou por invadir pela Bélgica, país neutro até o momento. Com a invasão alemã à Bélgica, o Reino Unido declarou guerra contra a Alemanha em 04 de agosto de 1914.
A Itália, embora fizesse parte da Tríplice Aliança, optou por se manter neutra, alegando que o acordo da Tríplice Aliança só a obrigaria a entrar em guerra para defender os parceiros, caso estes não tivessem iniciado a guerra.
As fases da Primeira Guerra Mundial
Alguns estudiosos classificam em duas fases, a de movimento e a de trincheira, já outros utilizam uma terceira classificação de fase, a fase de ofensivas, também chamada de fase final da guerra.
A primeira fase foi chamada de guerra de movimento, marcou o início da Primeira Guerra Mundial, tendo ocorrido de agosto de 1914 até novembro do mesmo ano. A fase de movimento foi assim chamada devido aos grandes movimentos de soldados, em especial do Império Alemão que invadiu a Bélgica e a França, chegando próximo da cidade de Paris.
Os franceses tiveram que transferir a capital e o Governo para a cidade de Bordeaux, porém conseguiram resistir e obrigaram os alemães a recuarem com a ofensiva de setembro de 1914.
Após intensos avanços e retrocessos, nenhum lado queria ceder terreno para o inimigo, fazendo com que fosse criada enormes trincheiras onde os exércitos mantinham suas posições, dando início a segunda fase da guerra, a chamada guerra de posições. Foi a fase mais longa da guerra e também a mais violenta.
As trincheiras ficavam a curta distância uma das outras, e entre elas, uma área devastada, repleta de buracos, arame farpado e corpos. Este espaço ficou conhecido como terra de ninguém.
A terceira e última fase da guerra, foi a ofensiva, onde no final da guerra diversas novas armas começaram a entrar em operação, além de um contingente de cerca de 1,2 milhões de soldados americanos terem desembarcado na Europa.
Batalhas mais importantes
Batalha do Marne (1914): Foi um confronto estratégico entre as forças alemãs e francesas, que ocorreu próximo a Paris. As tropas alemãs avançavam rapidamente em direção à capital francesa, mas foram impedidas pelos exércitos aliados na Batalha do Marne. Esse confronto resultou em uma vitória crucial para os Aliados, estabilizando a frente ocidental e frustrando os planos alemães de uma rápida vitória.
Batalha de Verdun (1916): Durante dez meses, as forças alemãs e francesas lutaram em uma das batalhas mais sangrentas da história. Verdun se tornou um símbolo da brutalidade da guerra, com centenas de milhares de soldados perdendo a vida. Embora a batalha tenha terminado em um impasse, ela desgastou significativamente as forças alemãs e enfraqueceu sua capacidade de continuar avançando.
Batalha do Somme (1916): Essa batalha foi uma ofensiva conjunta entre as forças britânicas e francesas contra o exército alemão. Apesar das pesadas baixas sofridas, a batalha foi um ponto de virada, pois enfraqueceu as linhas alemãs e desviou recursos preciosos que poderiam ser usados em outras frentes.
Batalha de Tannenberg (1914): Foi um confronto entre o exército russo e alemão no início da guerra. Os alemães conseguiram uma vitória decisiva, infligindo pesadas perdas aos russos e capturando milhares de prisioneiros. Essa batalha impediu uma invasão russa da Prússia Oriental e ajudou a definir o curso da guerra no front oriental.
Batalha da Jutlândia (1916): Foi travada entre as marinhas britânica e alemã no Mar do Norte. Foi a maior batalha naval do conflito, envolvendo mais de 250 navios e resultando em um confronto intenso e sangrento. A frota alemã, comandada pelo almirante Reinhard Scheer, tentou quebrar o bloqueio naval britânico, enquanto a Marinha Real Britânica, liderada pelo almirante Sir John Jellicoe, tentou interceptá-la.
Término da Primeira Guerra Mundial
A Rússia estava devastada economicamente e com grandes crises internas que levaram o país a se retirar da 1ª guerra mundial em 1917, ano em que ocorreu a Revolução Russa.
A Tríplice Aliança estava com suas forças em frangalhos, tendo a Austria-Hungria, a Bulgária e o Império Otomano se rendido, restando apenas o Império Alemão contra todos. Em 1917 os Estados Unidos entraram na 1ª guerra mundial, forçando ainda mais a balança para o lado da Tríplice Entente.
Internamente a Alemanha também enfrentava sérios problemas, com uma revolução interna que poria fim a monarquia e instituiria a República.
Esta série de fatores levou a Alemanha a se render e por fim a Grande Guerra em novembro de 1918. Em junho de 1919, França e Alemanha estavam novamente, como em 1871, na Sala dos Espelhos do Palácio de Versalhes para assinarem o Tratado de Versalhes que impôs pesadas obrigações aos perdedores do conflito.
Com o Tratado de Versalhes, a Alemanha perdeu todas as suas colônias ultramarinas, além de territórios na Europa, além de ser obrigada a pagar uma multa pesadíssima aos países vencedores, o que arrastou o país pra uma crise econômica sem precedentes na sua história. Suas forças militares também sofreram restrições, não podendo passar de 100 mil soldados de infantaria.
O final da Primeira Guerra Mundial e o esfacelamento dos Impérios Austro-Húngaro e do Império Otomano levaram a Europa a um novo mapa, surgindo diversos países.