Lydia Litvyak – A Rosa Branca de Stalingrado
Boris Yeremin, comandante do regimento, classificou Lydia Litvyak como agressiva e nascida para pilotar. A jovem russa de origem judaica fez história na Segunda Guerra Mundial e se tornou a primeira mulher a abater uma aeronave inimiga.
Recebeu o apelido de Rosa Branca de Stalingrado e foi implacável nos céus da segunda guerra, se tornando um Ás da aviação.
Anos iniciais de Lydia Litvyak
Lydia Litvyak nasceu em 18 de agosto de 1921, na cidade de Moscou. Com origens judaicas, Lydia era filha de Anna Vasilievna Litvyak, uma funcionária do comércio local, com Vladimir Leontievich Litvyak, um ferroviário que foi acusado de inimigo do povo pelo Partido Comunista Soviético durante o grande expurgo (uma grande onda de perseguição política durante os anos de 1936 a 1938).
Apaixonada por aviação, Lydia Litvyak se matriculou em uma escola de aviação com apenas 14 anos de idade. Aos 15 anos Lydia, já havia feito seu primeiro voo solo. Mais tarde, se formou na Escola de Aviação Militar de Kherson, na Ucrânica.
Com a invasão alemã na União Soviética, a famigerada Operação Barbarossa, muitas mulheres, dentre as quais Lydia, se alistaram na Força Aérea Soviética. Porém, apesar de não haver nenhuma restrição ao serviço feminino na Força Aérea Soviética, na prática os pedidos eram engavetados na tentativa de desencorajar as aviadoras.
Graças ao prestigio da aviadora Marina Raskova junto a Josef Stalin, o ditador soviético autorizou que ela criasse três regimentos aéreos compostos por mulheres:
– 586° Regimento de Aviação de Caça,
– 46ª Regimento de Aviação de Bombardeiros Noturnos da Guarda, o famoso regimento das Bruxas da Noite
– 125º Regimento de Aviação de Bombardeiros da Guarda, sendo, este último, comandado diretamente por Marina Raskova.
Lydia Litvyak, tentou ingressar no 586° Regimento de Aviação de Caça, porém não foi aceita por não ter a experiência de voo necessária. Inconformada, Lydia adulterou seus registros e acrescentou 100 horas de voo a mais, o que viabilizou a sua admissão.
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Atuação de Lydia Litvyak na Segunda Guerra Mundial
Após realizar o seu treinamento, Lydia Litvyak foi designada, no verão de 1942, para Seratov. Pouco tempo depois, Lydia foi transferida para o 437º Regimento de Aviação de Caça, para lutar na9 terrível Batalha de Stalingrado, onde, sob os céus da cidade, Lydia Litvyak começou a traçar sua fama.
Lydia pintou um lírio branco no seu avião Yakovlev Yak-1, porém o desenho foi confundindo como sendo uma rosa e não um lírio, gerando o seu apelido: A Rosa Branca de Stalingrado. Hoje já há menções a Lydia, homenageando a sua intenção inicial, como Lírio Branco de Stalingrado.
Pilotando o seu avião Yak-1, número 32, Lydia Litvyak se tornou uma das melhores pilotos do regimento. Após três dias de sua chegada, em uma missão sob os céus de Stalingrado, Lydia abateu dois aviões da Luftwaffe (força aérea alemã), o primeiro, uma aeronave do modelo Ju 88, já o segundo, uma aeronave do modelo Bf 109 G-2 “Gustav”, se tornando a primeira mulher a abater um avião inimigo.
O Bf 109 era pilotado pelo sargento Erwin Maier, um grande Ás da aviação com 11 abates confirmados e um dos maiores pilotos da Jagdgeschwader 53. Erwin sobreviveu ao ataque de Lydia saltando de paraquedas antes da queda, contudo foi capturado por tropas soviéticas. Segundo o relatório de sua captura, ele queria conhecer quem foi o piloto que o derrubou. Quando lhe apresentaram Lydia Litvyak, ele pensou que fosse uma piada. Erwin se recusava a acreditar que tinha sido derrubado por uma mulher. O grande piloto alemão só acreditou quando Lydia descreveu, passo a passo, a perseguição e as manobras realizadas.
Ao final daquele mês, a A Rosa Branca de Stalingrado derrubou mais um caça e um bombardeiro, além de compartilhar outra vitória com um colega.
Com quatro vitórias em um mês, Lydia entrou para o grupo de elite de pilotos soviéticos e foi transferida para o 9º Regimento de Caças da Guarda, regimento composto, até então, exclusivamente por homens. Lydia Litvyak voltaria aos combates somente em fevereiro de 1942, derrubando mais três aviões o que lhe rendeu a Estrela Vermelha e a promoção para o posto de subtenente.
De acordo com alguns relatos, Lydia Litvyak passou a combater em estado de fúria, realizando ataques extremamente perigosos e violentos, em muitos casos, extrapolando o que seria um ataque normal contra os inimigos, que eram alvejados mesmo após já estarem em chamas, prestes a caírem.
A morte da Rosa Branca de Stalingrado
No dia 01 de agosto de 1943, Lydia Litvyak, se voluntariou para participar da famosa Batalha de Kursk, onde recebeu a missão de escoltar, com sua aeronave Yak-1, uma esquadra de bombardeiros Ilyishin IL-2.
Durante a missão, Lydia se deparou com caças alemães que surpreenderam a sua formação e atingiram a aeronave Yak-1 pilotada por Lydia. Os companheiros de Lydia relataram que viram a aeronave cair em chamas, mas que não avistaram nenhum paraquedas. Após muitas tentativas de localizar a Rosa Branca de Stalingrado, o Governo Soviético classificou ela como desaparecida e se suspeitava que havia sido capturada pelos alemães.
Somente 36 anos após a queda da aeronave de Lydia Litvyak, em 1979, o mistério do seu desaparecimento foi resolvido. A heroína russa havia morrido, seu corpo foi localizado em Donestk, na Ucrânia, perto do ponto da queda. Os moradores locais enterraram o corpo temendo que fosse vilipendiado pelos alemães.
O reconhecimento de Lydia Litvyak
Herói da União Soviética era o maior título honorário e o grau superior de distinção da União Soviética, e claro, Litviak foi agraciada com tal comenda. Recebeu a Ordem da Bandeira Vermelha, a Ordem da Estrela Vermelha e a Ordem da Guerra Patriótica, duas vezes.
Está sendo produzido um filme russo chamado Litvyak, porém não temos conhecimento se já boi lançado.
Há uma representação de Lydia Litvyak no Omaka Aviation Heritage Centre