Schutzstaffel / SS Nazista – Os mestres da morte
Poucas organizações na história mundial conseguiram atrair holofotes tão desfavoráveis como a famigerada SS Nazista (Schutzstaffel). Poucas, também, geraram tanto medo e pânico. Muitas pessoas tremem, até hoje, quando enxergam o seu símbolo, os dois S estilizados que lembram um relâmpago.
Sua trajetória está diretamente ligada aos horrores do regime nazista liderado por Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial. Este artigo tem como objetivo explorar de forma abrangente a história e as implicações da SS Nazista, desde a sua origem até o seu papel fundamental na execução de crimes de guerra e atrocidades durante o período do Terceiro Reich.
Origem da Schutzstaffel / SS Nazista
A Schutzstaffel, abreviada como SS, foi uma das organizações paramilitares mais sinistras da história, que teve um papel significativo na ascensão e subsequente terror do regime nazista na Alemanha. Para compreender as origens da SS, é essencial examinar o contexto histórico e a evolução da organização ao longo do tempo.
A SS Nazista teve suas origens em 1925, quando o Partido Nazista Alemão, liderado por Adolf Hitler, criou uma pequena unidade chamada Saal-Schutz, destinada à segurança pessoal dos líderes do partido e à manutenção da ordem nos comícios. Mais tarde, sob a liderança de Heinrich Himmler, essa unidade foi reformulada e renomeada como Schutzstaffel, ou simplesmente, SS.
Em 1933, sob o comando de Heinrich Himmler, a SS foi reorganizada e subdividida em três principais divisões:
- Allgemeine SS: Responsável por impor a política racial do regime nazista e pelo policiamento em geral. Tinha como tarefa a manutenção da ordem e a disseminação da ideologia nazista.
- Waffen-SS: Era o braço militar da SS, atuando ao lado do exército regular alemão. Muitos dos membros da Waffen-SS eram recrutados de forma voluntária e combateram nas frentes de batalha durante a Segunda Guerra Mundial.
- SS-Totenkopfverbände: Esta divisão ficou conhecida por ser a responsável pelos terríveis campos de concentração e de extermínio, onde ocorreram inúmeras atrocidades durante o Holocausto.
Além disso, a Gestapo, a Polícia Secreta do Estado, foi incorporada à SS Nazista em 1934. Esta organização desempenhou um papel crucial na identificação de inimigos do nazismo, na espionagem e na contraespionagem.
A ideologia da SS era profundamente arraigada no nazismo, e seus membros eram obrigados a prestar total e irrestrita obediência a Adolf Hitler.
A ideologia inabalável da SS Nazista
A ideologia da Schutzstaffel (SS) nazista desempenhou um papel fundamental na definição da organização e na direção de suas atividades. A SS era uma das mais radicais e fanáticas organizações do Partido Nazista Alemão e, como tal, incorporava uma série de princípios e crenças que refletiam a ideologia nazista de Adolf Hitler. Um resumo das principais características da ideologia da SS inclui:
- Supremacia Racial Alemã: Um dos princípios centrais da ideologia da SS era a crença na supremacia racial ariana. Os membros da SS eram considerados superiores e eram obrigados a comprovar sua pureza racial. Originalmente, a ancestralidade ariana dos membros deveria retroceder até 1750, mas durante a Segunda Guerra Mundial, esse requisito foi reduzido.
- Lealdade Incondicional a Adolf Hitler: A SS era conhecida por sua devoção inabalável a Adolf Hitler. Os membros eram obrigados a prestar total obediência ao Führer e a cumprir qualquer ordem sem questionar.
- Compromisso com a Ideologia Nazista: A SS era uma das principais defensoras da ideologia nazista, que promovia o nacionalismo extremo, o antissemitismo, o ódio racial e a crença na superioridade da raça ariana. A organização desempenhou um papel fundamental na implementação das políticas nazistas em toda a Alemanha e nos territórios ocupados.
- Fanatismo e Lealdade Cega: O lema da SS, “Meine Ehre heißt Treue” (Minha Honra é Lealdade), refletia o fanatismo e a lealdade inquestionável que seus membros deviam a Hitler e à causa nazista. Isso os tornava extremamente eficazes na execução das políticas do partido.
- Intolerância e Violência: A SS era responsável por muitos dos crimes de guerra e atrocidades cometidos durante a Segunda Guerra Mundial, incluindo a criação e administração de campos de concentração e de extermínio. Sua ideologia intolerante e violenta levou a perseguições implacáveis contra grupos considerados “inimigos” do regime nazista.
Tal lealdade foi exposta por Heinrich Himmler, que escreveu:
um homem da SS não hesita por um único instante, mas executa inquestionavelmente qualquer ordem do Führer
A ideologia da SS não apenas orientava suas atividades, mas também influenciava a forma como a organização recrutava, treinava e promovia seus membros. A exigência de lealdade absoluta e a devoção à causa nazista eram características distintivas da SS, que a tornavam uma força extremamente poderosa e, ao mesmo tempo, perigosa.
Recrutamento e Treinamento dos Membros da SS Alemã
O recrutamento e o treinamento dos membros da SS (Schutzstaffel) eram processos altamente seletivos e rigorosos, projetados para criar uma organização extremamente leal e dedicada à ideologia nazista. A SS buscava recrutas que atendessem a critérios específicos de pureza racial e fidelidade ao Führer Adolf Hitler. Aqui está um resumo do processo de recrutamento e treinamento da SS:
Recrutamento:
- Pureza Racial Alemã: Originalmente, a SS exigia que seus membros comprovassem sua ascendência ariana retroagindo até 1750. No entanto, durante a Segunda Guerra Mundial, essa exigência foi flexibilizada, permitindo que os recrutas comprovassem sua ancestralidade até seus avós, de acordo com as Leis de Nuremberg. Isso foi feito para expandir o recrutamento e atrair mais membros.
- Lealdade Incondicional: Os candidatos à SS eram submetidos a uma verificação rigorosa de antecedentes e eram obrigados a demonstrar lealdade inabalável a Adolf Hitler e ao Partido Nazista. A lealdade era considerada um dos principais critérios para a seleção.
- Exame Ideológico: Os candidatos eram submetidos a exames ideológicos para avaliar seu compromisso com a ideologia nazista. Aqueles que não demonstrassem total adesão aos princípios nazistas eram rejeitados.
- Entrevistas Pessoais: Os candidatos passavam por entrevistas pessoais com oficiais da SS, onde sua devoção à causa nazista era avaliada. Essas entrevistas eram cruciais para determinar a adequação dos candidatos.
Treinamento:
- Treinamento Físico e Militar: Os recrutas da SS eram submetidos a um treinamento físico e militar intensivo, projetado para torná-los soldados altamente disciplinados e eficientes. Isso incluía treinamento em armas, táticas militares e preparo físico.
- Indoctrinação Ideológica: O treinamento da SS também envolvia uma intensa doutrinação ideológica. Os recrutas eram expostos à propaganda nazista e eram ensinados a abraçar os princípios do nazismo, incluindo a supremacia racial e o ódio aos “inimigos” do regime.
- Código de Conduta Rígido: Os membros da SS eram submetidos a um código de conduta rígido, que exigia obediência absoluta às ordens de seus superiores e proibia qualquer forma de dissidência. Qualquer desvio do código de conduta era punido severamente.
- Treinamento em Atrocidades: Alguns membros da SS, em particular aqueles que serviam em unidades como a SS-Totenkopfverbände (que administrava campos de concentração), recebiam treinamento específico em como realizar prisões, interrogatórios e execuções. Eles eram doutrinados a cometer atrocidades em nome do regime nazista.
O treinamento da SS visava criar uma força de elite extremamente dedicada ao nazismo e ao Führer. A ênfase na pureza racial, na lealdade fanática e na doutrinação ideológica era parte integral desse processo, e os membros da SS eram considerados alguns dos mais fervorosos defensores do regime nazista.
Principais Crimes Atribuídos a SS
Os principais crimes atribuídos à SS estão entre os exemplos mais horrendos da crueldade humana e refletem a implacável busca da ideologia nazista por uma “raça mestra” e a eliminação daqueles considerados inimigos do Estado.
A SS desempenhou um papel central na administração dos campos de concentração e extermínio, onde milhões de prisioneiros, incluindo judeus, ciganos, homossexuais, dissidentes políticos e outros, foram submetidos a condições desumanas e frequentemente assassinados em massa. Auschwitz, Sobibor, Treblinka e outros campos de morte testemunharam algumas das atrocidades mais chocantes da história.
Unidades da SS, conhecidas como Einsatzgruppen, foram responsáveis por massacres em massa nos territórios ocupados a leste. Eles realizaram execuções em larga escala de judeus, comunistas e outros “inimigos” do regime, frequentemente por meio de fuzilamentos brutais.
Médicos da SS conduziram experimentos médicos desumanos em prisioneiros, muitas vezes causando sofrimento inimaginável e morte. Gêmeos eram frequentemente alvo desses experimentos, que incluíam exposição a substâncias tóxicas, amputações desnecessárias e cirurgias cruéis.
Além disso, a SS esteve envolvida na política de sequestro de crianças de grupos étnicos considerados arianos, em muitos casos em países ocupados. Essas crianças eram frequentemente arrancadas de suas famílias e submetidas a uma “arianização” forçada, que visava apagar sua identidade e cultura de origem.
A SS também desempenhou um papel central na repressão política e perseguição religiosa, detendo e executando opositores políticos, líderes religiosos e qualquer pessoa que desafiasse o regime nazista.
Muitos líderes proeminentes da SS, incluindo Heinrich Himmler, Reinhard Heydrich e outros, estiveram diretamente envolvidos na formulação e execução dessas políticas brutais.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, a SS foi classificada como uma organização criminosa pelo Tribunal Militar Internacional de Nuremberg.
Membros da SS Nazista que Ficaram Famosos por seus Crimes
A SS (Schutzstaffel) nazista foi uma das organizações mais sinistras da história, associada a uma ampla gama de crimes contra a humanidade durante o regime nazista de Adolf Hitler. Abaixo, apresentamos uma lista com membros notórios da SS, incluindo alguns dos mais infames responsáveis por atrocidades durante a Segunda Guerra Mundial.
Heinrich Himmler: Líder da SS, foi um arquiteto-chave das políticas genocidas do regime nazista.
Reinhard Heydrich: Conhecido como “O Carrasco de Praga,” foi um dos principais organizadores da Solução Final.
Adolf Eichmann: Responsável pela logística do Holocausto, organizando a deportação de judeus para campos de extermínio.
Josef Mengele: Médico nazista que conduziu experimentos humanos atrozes em Auschwitz.
Amon Göth: Comandante de Plaszów, conhecido por sua brutalidade retratada no filme “A Lista de Schindler”.
Friedrich Jeckeln: Líder das unidades Einsatzgruppen e responsável por massacres em massa no leste.
Klaus Barbie: Conhecido como “O Carrasco de Lyon,” torturou e assassinou resistentes franceses.
Wilhelm Stuckart: Arquiteto das Leis de Nuremberg, que definiram a discriminação racial.
Karl Wolff: Supervisionou a deportação de judeus da Itália e teve papel na repressão brutal.
Hermann Fegelein: SS-General e braço direito de Heinrich Himmler.
Oskar Dirlewanger: Comandou a brutal unidade Dirlewanger, que cometeu atrocidades na Polônia.
Karl Brandt: Médico de Hitler que esteve envolvido em experimentos médicos cruéis.
Rudolf Höss: Comandante de Auschwitz, onde milhões foram assassinados.
Erich Priebke: Oficial da SS envolvido no massacre das Fossas Ardeatinas, na Itália.
Josef Kramer: Comandante do campo de concentração de Bergen-Belsen.
Odilo Globocnik: Supervisionou a Operação Reinhard, que visava o extermínio de judeus.
Karl Jäger: Liderou um dos Einsatzgruppen e relatou massacres em detalhes.
Erich von dem Bach-Zelewski: Comandante da SS envolvido na repressão brutal na União Soviética.
Julius Streicher: Fundador do jornal antissemita “Der Stürmer.”
Fritz Sauckel: Responsável pelo recrutamento forçado de trabalhadores escravos.
Irma Grese: Supervisora nos campos de concentração de Auschwitz e Bergen-Belsen, notória por seu sadismo.
Maria Mandel: Conhecida como “A Besta de Auschwitz,” foi uma das principais supervisoras femininas nos campos de concentração.
A Justiça paralela da SS Nazista (Schutzstaffel)
Como forma de blindar os membros da SS alemã do Sistema Judiciário regular, ou mesmo do Tribunal Militar Alemão, foi criado um Tribunal especial, o Hauptamt SS-Gericht ou Tribunal da SS, onde eram julgados todos os membros acusados de cometer crimes.
Porém, tal tribunal não tinha a intenção de punir os crimes cometidos pelos membros da SS Nazista e sim blindá-los de qualquer investida externa contra seus membros. Inúmeras vezes o próprio Heinrich Himmler intervia nos julgamentos.
O historiador Karl Dietrich Bracher, atribuiu a este Tribunal Especial da SS, a retirada de qualquer direito objetivo dos cidadãos, deixando-os sem ter a quem recorrer.
A Condenação Mundial da SS
A SS (Schutzstaffel) enfrentou uma significativa condenação pós-guerra por suas ações durante o regime nazista. Após o término da Segunda Guerra Mundial, a SS e suas subdivisões foram classificadas como organizações criminosas pelo Tribunal Militar Internacional de Nuremberg (Tribunal de Nuremberg). Isso teve implicações significativas para os membros da SS e resultou em condenações por crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Eis alguns pontos-chave dessa condenação pós-guerra:
- Classificação como Organização Criminosa: A decisão de classificar a SS como uma organização criminosa foi baseada na ampla evidência de seu envolvimento em crimes de guerra, incluindo a administração de campos de concentração e extermínio, além de perseguições sistemáticas.
- Julgamento e Condenações Individuais: Muitos membros proeminentes da SS foram julgados no Tribunal de Nuremberg. Líderes da SS, como Heinrich Himmler e Ernst Kaltenbrunner, enfrentaram acusações e, em muitos casos, foram condenados à morte ou prisão perpétua por crimes de guerra, crimes contra a humanidade e crimes de genocídio.
- Implicações Legais Duradouras: A classificação da SS como organização criminosa teve implicações legais duradouras. Isso significava que seus membros não eram mais considerados ex-combatentes, mas criminosos de guerra, o que afetou sua capacidade de reivindicar direitos e privilégios como veteranos de guerra.
- Legado e Lembrança: A condenação da SS e o julgamento de seus líderes tiveram um impacto duradouro na lembrança do Holocausto e dos crimes do regime nazista. Eles serviram como um lembrete da necessidade de responsabilização por crimes atrozes em nível internacional.
A condenação da SS após a Segunda Guerra Mundial representou um esforço significativo para garantir que aqueles que perpetraram atrocidades durante o regime nazista fossem responsabilizados por suas ações. Embora muitos membros da SS tenham escapado da justiça devido à impunidade anterior, as ações tomadas no Tribunal de Nuremberg marcaram um marco importante na busca pela justiça e na preservação da memória histórica das atrocidades cometidas pela SS.
Livros Sobre a SS Nazista
A História Revelada da SS” revela o papel da SS no regime nazista.
Os Mestres da Morte foca nos Einsatzgruppen.
A História da SS explora as atrocidades do implacável esquadrão da morte de Hitler.