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Marina Raskova

Se fossemos resumir os feitos de Marina Raskova, poderíamos dizer que ela foi: a primeira mulher a se tornar navegadora na Força Aérea Soviética em 1933; a primeira mulher a lecionar na Academia Aérea Zhukovsky, em 1934; foi detentora de diversos recordes de voo; foi condecorada como Heroína da União Soviética, além de ser a idealizadora dos primeiros regimentos aéreos exclusivamente femininos durante a II Guerra Mundial, incluindo o mais famoso de todos, o  46ª  Regimento de Aviação de Bombardeiros Noturnos da Guarda, o regimento das Bruxas da Noite.

Anos iniciais de Marina Raskova

Marina Mikhailovna Raskova, nasceu em 28 de março de 1912, na cidade de Saratov, em uma família de classe média. Filha de Mikhail Malinin, um cantor de ópera e Anna Liubatovich, professora.

Raskova queria trilhar o caminho de seu pai, que faleceu quando ela tinha 7 anos de idade, vítima de um acidente de moto, e se tornar cantora. Contudo, Marina Raskova era muito exigente consigo mesma e acabou desistindo dos estudos artísticos.

Em 1929, Marina Raskova foi trabalhar como química em uma fábrica de tinturas para ajudar a família. Logo conheceu o engenheiro Sergey Raskov, com quem se casou e teve, em 1930, uma filha.

Ingresso na Força Aérea Soviética

Em 1931, Marina Raskova ingressou, como projetista no Laboratório de Aero Navegação da Academia da Força Aérea e em 1933 se tornou a primeira mulher a ser navegadora da Força Aérea Soviética. Em 1934, Raskova já era professora de Navegação Aérea na Academia da Força Aérea Soviética.

Nos anos de 1937 e 1938, Marina Raskova estabeleceu diversos recordes de voos a longa distância, sendo o mais importante deles, o recorde mundial de distância de voo sem pouso intermediário, ao lado da comandante Valentina Grizodubova e da co-piloto Polina Osipenko, sendo Raskova a navegadora.

Abordo do avião bimotor Tupolev ANT-37, denominado Rodina (Pátria, em Russo) o objetivo inicial era decolar de Tchelcovo, nos arredores de Moscou e pousar em Komsomolsk, no extremo oriente soviético, em uma jornada de 5.908,61 km.

A missão não saiu como previsto e as três aviadoras, devido ao mau tempo, não conseguiram localizar a pista e fizeram um pouso forçado em uma floresta próxima ao Mar de Okhotsk. Como a navegadora da aeronave ficava em um compartimento muito vulnerável, antes de tocarem o solo Marina Raskova saltou de paraquedas.

Sem equipamentos e sem suprimentos, Raskova ficou 10 dias perdida até encontrar a aeronave, as suas companheiras de tripulação e a equipe de resgate.

Apesar do contratempo, as três aviadoras conseguiram estabelecer o recorde mundial reconhecido pela Fédération Aéronautique Internationale (FAI).

As três aviadoras foram condecoradas como Heroínas da União Soviética, as únicas mulheres a alcançarem tal reverência antes da II Guerra Mundial.

Marina raskova
Valentina Grizodubova, Polina Osipenko e Marina Raskova
ao lado do avião Tupolev ANT-37, denominado Rodina
 

Participação de Marina Raskova na II Guerra Mundial

Quando a fúria de Hitler recaiu sobre a União Soviética com o início da Operação Barbarossa, em 22 de junho de 1941, existia muitas mulheres com treinamento de voo e boa parte delas se voluntariava para defender a pátria contra a invasão nazista. Contudo, apesar de não haver nenhuma restrição ao serviço feminino na Força Aérea Soviética, na prática os pedidos eram engavetados na tentativa de desencorajar as aviadoras.

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Marina Raskova, em 8 de setembro de 1941, fez um discurso clamando para que as mulheres com conhecimento de voo pudessem lutar ao lado dos seus compatriotas do sexo masculino. Acredita-se que com a fama adquirida no pré-guerra e sua ligação direta com o líder comunista Josef Stalin, foram determinantes para que em 8 de outubro de 1941, fosse emitida autorização para formação do 221º Corpo de Aviação exclusivamente feminino, inclusive mecânicas e pessoal de apoio.

O 221º Corpo de Aviação gerou 3 Regimentos Aéreos, o 586° Regimento de Aviação de Caça (regimento que atuou a notória aviadora Lydia Litvyak), o 46ª  Regimento de Aviação de Bombardeiros Noturnos da Guarda, e o 125º Regimento de Aviação de Bombardeiros da Guarda, sendo, este último, comandado diretamente por Marina Raskova.

O regimento de Raskova foi o mais privilegiado de todos, recebendo o melhor bombardeiro soviético, o Petlyakov Pe-2, o que foi considerado um insulto para muitos colegas do sexo masculino que voavam aeronaves obsoletas.

Marina Raskova morreu em 4 de janeiro de 1943, ao tentar um pouso forçado na margem do rio Volga, nas imediações de Stalingrado.

Reconhecimento

Marina Raskova ganhou, em vida, antes mesmo do início da Segunda Guerra Mundial, a estrela dourada de Heroína da União Soviética.

Postumamente foi condecorada com a Ordem da Guerra Patriótica Primeira Classe e teve suas cinzas enterradas na Muralha do Kremlin, ao lado de Polina Osipenko, na Praça Vermelha em Moscou.

Em junho de 1943, um navio soviético foi batizado como SS Marina Raskova, em sua homenagem.

Há uma praça em Moscou e muitas ruas na Rússia com o nome da aviadora, além de um busto dela, na Escola Superior de Pilotos de Aviação Militar.

Livros recomendados

Bruxas da Noite: A História não Contada do Regimento Aéreo Feminino Russo Durante a Segunda Guerra Mundial” é um livro que narra a extraordinária saga das mulheres soviéticas que se tornaram pilotos de combate durante a Segunda Guerra Mundial. As “Bruxas da Noite” eram membros do 588º Regimento de Bombardeio Noturno, voando em aviões leves para atacar as forças nazistas. O livro destaca suas conquistas notáveis, coragem e dedicação, muitas vezes esquecidas pela história. Ele lança luz sobre as dificuldades enfrentadas por essas mulheres pioneiras, desafiando estereótipos de gênero e desempenhando um papel vital na vitória soviética sobre o nazismo.

Fernando Rocha

Fernando Rocha, formado em Direito pela PUC/RS e apaixonado por história, é o autor e criador deste site dedicado a explorar e compartilhar os fascinantes acontecimentos do passado. Ele se dedica a pesquisar e escrever sobre uma ampla gama de tópicos históricos, desde eventos políticos e culturais até figuras influentes que moldaram o curso da humanidade."

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