Batalhão Azov – heróis ou nazistas?
Com o início da invasão russa a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, um nome começou a se popularizar – Batalhão Azov, também chamado de Regimento Azov, denominado pelo presidente russo Vladmir Putin, como grupo neonazista.
O presidente russo, inclusive, utilizou uma suposta “desnazificação” da Ucrânia como um dos pretextos da ofensiva militar russa contra o país, em clara referência ao Batalhão Azov.
A Rússia acusa os membros do batalhão de promoverem a barbárie na região separatista de Donbas, onde, segundo as afirmativas do Kremlin, os soldados do Azov teriam cometido limpeza étnica contra as minorias russas, além de promoverem torturas, estupros e assassinatos na região.
Por outro lado, a Ucrânia divulga feitos heroicos por parte dos membros do Regimento Azov, louvando sua coragem e destacando diversas operações bem-sucedidas contra os russos.
As questões que surgem são: qual a origem do Batalhão Azov? São realmente neonazistas? Combater estes soldados é uma justificativa plausível para iniciar a guerra contra a Ucrânia?
Origem do Batalhão Azov
O Batalhão Azov teve sua origem na união de duas torcidas organizadas, dos times de futebol FC Metalist Kharkiv chamado “Sect 82” (1982 é o ano de fundação do grupo) e do FC Spartak Moscow, que formaram uma espécie de milícia que fazia o policiamento na cidade de Kharkiv.
Com o início da guerra no leste ucraniano, promovido por grupos separatistas pró-Rússia nas regiões de Donetsk e Lugansk, foi formado, em abril de 2014, o Batalhão Azov, com seus membros se voluntariando para combater os russos.
Em maio de 2014 a Ucrânia atribuiu ao Batalhão de Azov o status de Batalhão Voluntário Oficial e tiveram treinamento militar oferecido por militares da Georgia com experiência em combate contra os russos.
Em agosto de 2014 o batalhão, com apoio de forças de assalto aéreo ucranianas tomaram a cidade de Marinka das mãos dos separatistas pró-Rússia.
Em setembro de 2014 a Ucrânia mudou o status de Batalhão para Regimento e os integrou nas forças armadas ucranianas.
Como o Batalhão Azov ganhou fama de ser um grupo neonazista?
O primeiro comandante foi Andriy Biletsky, chamado de “Führer Branco”, um nacionalista fervoroso e simpatizante do nazismo. Embora Biletsky tenha ficado poucos meses no comando do Azov, muitos nacionalistas radicais, supremacistas e neonazistas se juntaram ao regimento.
Eles também adota uma simbologia fortemente inspirada pelos Nazistas. O sol negro (“schwarze sonne”, em alemão), utilizado pela 2º Divisão Panzer do exército alemão durante a Segunda Guerra Mundial e o Wolfsangel, símbolo utilizado pela 2º Divisão “Das Reich da “Waffen-SS (braço armado da Schutzstaffel / SS Nazista) estampam bandeiras e uniformes dos membros do Regimento Azov.
No website oficial, o Batalhão Azov rejeita qualquer vínculo político e sustenta que a unidade foi criada em 2014 “para combater o terrorismo russo” e que faz parte da estrutura da Guarda Nacional, subordinada ao governo e à Constituição da Ucrânia.
No pré-guerra, o discurso extremista de membros do batalhão fizeram com que o Facebook banisse boa parte dos seus membros e até mesmo comentários honrosos ao grupo. Contudo, com a invasão russa ao território ucraniano e o forte apoio da população ucraniana ao Regimento Azov fez com que a empresa levantasse as sanções.
O historiador israelense Vyacheslav Likhachev, em entrevista publicada pelo site Center for Civil Liberties, foi taxativo ao afirmar que o Batalhão Azov não é um grupo nazista.
Conclusão
Ao que tudo indica, o Batalhão Azov atraiu, no seu começo, muitos membros extremistas que se juntaram as suas fileiras, porém, com o passar do tempo, o Regimento Azov se profissionalizou, ganhou novos membros e tentou se desvincular de antigos líderes extremistas. É impossível dizer, nos dias atuais, qual o percentual de membros que são partidários do nazismo, porém a instituição parece não ter mais nenhuma vinculação com o nazismo.