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Gengis Khan (1162 – 1227)

Um dos homens mais cruéis e poderosos da história, quem foi Gengis Khan?

Gengis Khan foi o responsável por unificar diversas tribos mongóis sob sua liderança, possibilitando a criação do império mongol, o maior império em área contígua da história. O líder mongol é considerado um dos líderes mais sanguinários da história e suas táticas de guerra, extremamente violentas. Após sua morte em 1227, seus quatro filhos dividiram o império em quatro khanatos.

Anos iniciais

Nascido em 1162 com o nome de Temujin, Gengis Khan era filho de um chefe tribal mongol – Iasugai, chefe da tribo dos kiyata-borjigin. Ele teve uma infância difícil, já que seu pai foi envenenado quando ele ainda era jovem, e ele foi deixado para se defender sozinho em um ambiente hostil.

Gengis Khan começou a consolidar seu poder na Mongólia em meados do século XII, quando unificou as tribos mongóis sob sua liderança, criando o império mongol. A partir daí, começou a realizar campanhas militares para conquistar outras regiões da Ásia. A primeira delas foi contra os tártaros, um povo nômade que vivia na região do rio Amur, na atual Rússia. Gengis Khan conseguiu derrotar os tártaros em 1202 e incorporou seu território ao seu império.

A crueldade de Gengis Khan

Embora Gengis Khan seja frequentemente lembrado como um líder poderoso e visionário, sua campanha militar também foi marcada por uma crueldade implacável. Durante suas conquistas, ele empregou táticas brutais que causaram a morte de milhões de pessoas em todo o mundo, tornando-se um dos conquistadores mais sanguinários da história.

Algumas frases atribuídas ao líder mongol retratam a crueldade de Gengis Khan:

“Eu sou um castigo de Deus. E se você não cometeu grandes pecados, Deus não teria enviado um castigo como eu”.

“O prazer e a alegria do homem consistem em esmagar o rebelde e conquistar o inimigo, em arrancá-lo pela raiz e tomar dele tudo que ele pertence”.

Embora seja impossível garantir que tais frases foram de fato proferidas por Gengis Khan, elas retratam fielmente a imagem que o líder mongol construiu.

A destruição total implementada por Gengis khan

Uma das características mais notórias da campanha de Gengis Khan foi a sua estratégia de destruição total. Quando uma cidade ou vila se recusava a se render, ele ordenava que seus soldados matassem todos os habitantes e incendiassem a cidade até os seus alicerces. Essa estratégia tinha o objetivo de espalhar o medo e aterrorizar as populações que se recusavam a se render. Estima-se que Gengis Khan tenha causado a morte de mais de 40 milhões de pessoas durante suas campanhas militares.

Outra tática cruel de Gengis Khan era o uso de tropas de elite chamadas “cães de guerra”. Esses soldados eram selecionados pela sua feroz lealdade ao líder mongol e eram treinados para serem impiedosos na batalha. Eles eram frequentemente enviados para executar prisioneiros ou para matar populações inteiras, especialmente em cidades que resistiam a se render.

Violência sexual como arma de guerra do império mongol

Gengis Khan, o famoso líder mongol que fundou o Império Mongol, é conhecido por suas conquistas militares e estratégias de batalha. No entanto, a história também registra os atos de violência sexual que ocorreram durante as campanhas lideradas por ele.

Durante a expansão do Império Mongol, muitas mulheres foram subjugadas e estupradas pelos soldados mongóis. A violência sexual era considerada uma forma de dominar e humilhar as populações conquistadas, uma tática comum em muitas campanhas militares da época. Além disso, a violência sexual era vista como uma forma de espalhar o medo e aterrorizar os inimigos, aumentando a eficácia da campanha militar.

Os relatos históricos indicam que a violência sexual nas campanhas lideradas por Gengis Khan era sistemática e extensiva. Mulheres eram sequestradas, vendidas como escravas sexuais ou simplesmente estupradas pelos soldados mongóis. Infelizmente, esses atos brutais eram muitas vezes justificados pelos líderes militares, que viam isso como uma forma de recompensar seus soldados e incentivar a lealdade.

Além disso, os soldados mongóis não faziam distinção entre as mulheres que eram capturadas em suas campanhas, incluindo crianças e idosas. Mulheres de diferentes idades e origens foram submetidas a essa violência sexual horrível, resultando em traumas duradouros e profundos.

Embora a violência sexual nas campanhas de Gengis Khan tenha sido vista como uma tática de guerra comum na época, ela é amplamente considerada como um crime de guerra nos tempos modernos. A Convenção de Genebra, por exemplo, reconhece a violência sexual como uma forma de tortura e uma violação dos direitos humanos. É importante lembrar que o uso da violência sexual como uma arma de guerra é uma prática abominável e imoral, que afeta profundamente as vítimas e suas comunidades.

A escravização de derrotados

A escravização de derrotados era uma prática comum durante as campanhas militares lideradas por Gengis Khan e seu império mongol. A prática da escravização era uma forma de subjugação dos inimigos, bem como uma maneira de obter recursos e mão-de-obra para o império em expansão.

Os mongóis acreditavam que os derrotados em batalha eram de sua propriedade, e que tinham o direito de fazer com eles o que quisessem. Isso incluía a escravização, a venda em mercados de escravos e, em alguns casos, até a morte. As pessoas capturadas nas campanhas militares eram tratadas como propriedade, sem qualquer direito ou liberdade.

Muitas vezes, os mongóis não faziam distinção entre os homens e as mulheres capturados. Tanto homens quanto mulheres podiam ser escravizados e usados para trabalhos forçados. As mulheres também eram frequentemente usadas para fins sexuais pelos conquistadores.

A prática da escravização dos derrotados foi uma forma de suprir a demanda de mão-de-obra no império mongol em rápida expansão.

Além disso, a escravização era uma forma de impor o domínio e o controle do império mongol sobre seus inimigos. A prática da escravização era uma forma de mostrar aos inimigos a severidade da derrota e garantir que não tentassem se rebelar contra os conquistadores.

Os Cães de Guerra mongóis – a tropa de elite de Gengis Khan

Os guerreiros mongóis conhecidos como cães de guerra eram soldados de elite selecionados pela sua feroz lealdade e habilidades militares. Eles se destacavam por sua determinação impiedosa em batalha e eficácia em aniquilar qualquer resistência. Apesar de suas táticas cruéis, eles eram altamente respeitados por seu povo e desempenharam um papel importante na conquista liderada por Gengis Khan.

Os cães de guerra eram selecionados das tribos mais leais ao líder mongol e treinados desde a infância nas artes marciais e equitação, tornando-se assim guerreiros altamente habilidosos e versáteis. Sua coragem em batalha era incentivada e recompensada por seus feitos heroicos.

A estratégia dos cães de guerra era utilizada em situações extremas, como quando as cidades ou vilas se recusavam a se render. Nesses casos, os cães de guerra eram enviados para executar prisioneiros ou matar populações inteiras, especialmente em cidades que resistiam a se render. Infelizmente, eles também eram conhecidos por cometer atos de violência sexual contra mulheres das populações conquistadas, como parte de sua estratégia de espalhar o medo e aterrorizar os inimigos.

Apesar de sua reputação cruel, os cães de guerra mongóis foram essenciais para o sucesso das campanhas militares de Gengis Khan, especialmente em situações de extrema resistência. Eles se tornaram uma parte importante da cultura mongol, sendo celebrados em histórias e canções populares.

As campanhas militares de Gengis Khan

  • Conquista da China

No início do século XIII, a China era governada pela dinastia Jin, que controlava a região norte do país. A dinastia Jin era uma dinastia nômade que havia conquistado a China durante o século XII. Ao mesmo tempo, os Song governavam a região sul da China. Os Song eram uma dinastia chinesa tradicional que havia sido derrotada pelos Jin no norte, mas ainda mantinha um grande poder econômico e cultural.

Gengis Khan, por sua vez, havia se tornado o líder dos mongóis em 1206, unificando as diversas tribos nômades da região. Ele iniciou sua campanha militar na China em 1211, quando suas forças cruzaram o rio Amarelo e atacaram as cidades da província de Jin.

Gengis Khan liderou pessoalmente suas tropas na campanha militar na China. Ele adotou uma estratégia de guerrilha, atacando as cidades e fortes inimigos de surpresa e saqueando as riquezas que encontrava. As primeiras batalhas foram difíceis para as tropas mongóis, que tiveram que lutar contra a resistência dos soldados Jin.

No entanto, Gengis Khan mostrou-se um líder astuto e capaz de se adaptar às mudanças da guerra. Ele construiu novas táticas, como o uso de catapultas e o recrutamento de prisioneiros de guerra para lutar em suas fileiras. Ele também formou alianças com outros grupos nômades, como os tártaros, que se juntaram às suas forças na campanha.

  • A conquista de Pequim

Em 1215, Gengis Khan conseguiu capturar Pequim, a capital da dinastia Jin. A cidade foi saqueada e grande parte da população foi morta. A conquista de Pequim foi um marco importante na campanha militar de Gengis Khan na China, pois abriu o caminho para a conquista de outras cidades importantes.

A partir de Pequim, as tropas mongóis seguiram em direção ao sul da China, enfrentando a resistência dos soldados Song. Gengis Khan deixou seu filho Ogodei no comando das forças mongóis na China e partiu para a Ásia Central para liderar outras campanhas.

  • A conquista da China sob Ogodei

Ogodei continuou a campanha de seu pai na China e avançou para o sul. Em 1234, as tropas mongóis derrotaram a dinastia Jin, unificando toda a China sob o controle do Império Mongol. Ogodei fundou a dinastia Yuan e tornou-se o primeiro imperador mongol da China.

  • Conquista da Ásia Central

Gengis Khan liderou pessoalmente as primeiras campanhas na Ásia Central. Ele adotou estratégias similares as adotadas na campanha da China, valendo-se de táticas de guerrilha, atacando as cidades e fortes inimigos de surpresa e saqueando as riquezas que encontrava.

Ele construiu novas táticas, como o uso de catapultas e o recrutamento de prisioneiros de guerra para lutar em suas fileiras. Gengis Khan também formou alianças com outros grupos nômades, como os tártaros, que se juntaram às suas forças na campanha.

A conquista da Ásia Central foi uma tarefa árdua para as tropas mongóis. A região era vasta e pouco povoada, o que tornava difícil o fornecimento de alimentos e água. Além disso, os exércitos locais eram muitas vezes compostos por soldados experientes e bem treinados, o que exigia dos mongóis uma grande habilidade militar.

No entanto, Gengis Khan e seus sucessores foram capazes de conquistar a maioria dos principados e reinos da Ásia Central. A conquista levou à formação do Império Mongol, que se estendeu por toda a Ásia e parte da Europa.

A conquista da Ásia Central teve um impacto significativo na história da região. Os mongóis impuseram seu domínio político e cultural sobre os povos locais, criando um império vasto e poderoso. Eles também impulsionaram o comércio e as trocas culturais na região, contribuindo para o desenvolvimento de uma cultura cosmopolita e diversa.

  • Campanha de Gengis Khan na Rússia

Em 1223, os mongóis invadiram a Rússia pela primeira vez. A batalha de Kalka foi um confronto entre as forças russas e mongóis nas margens do rio Kalka, perto do Mar Negro. Embora as forças russas fossem numericamente superiores, os mongóis foram capazes de vencer a batalha graças à sua superioridade tática e à sua capacidade de montar rapidamente.

Depois da batalha, as forças mongóis seguiram em frente, conquistando várias cidades russas, incluindo Kiev, a capital do Principado de Kiev. A invasão mongol deixou um rastro de destruição e morte por onde passava. Os mongóis impuseram tributos pesados às cidades que conquistaram e escravizaram muitos dos habitantes.

No entanto, Gengis Khan morreu em 1227 e a campanha mongol na Rússia foi temporariamente interrompida. Foi só mais tarde, sob o comando dos sucessores de Gengis Khan, que a conquista da Rússia foi retomada. Entre os anos de 1237 e 1240, os mongóis conquistaram a maior parte dos principados russos, incluindo Novgorod, Vladimir, Suzdal e Moscou.

Morte de Gengis Khan em 1227

O lendário líder mongol que fundou o Império Mongol no século XIII, morreu em agosto de 1227, aos 65 anos. Sua morte marcou o fim de uma era e o começo de um novo capítulo na história da Ásia Central.

A causa exata da morte de Gengis Khan é desconhecida, mas acredita-se que ele tenha sofrido uma queda de cavalo durante uma batalha ou caçada. Alguns relatos sugerem que ele morreu devido a ferimentos decorrentes da queda, enquanto outros sugerem que ele morreu devido a uma doença. Seja qual for a causa, a morte de Gengis Khan levou a uma disputa pelo poder entre seus filhos e sucessores.

Após a morte de Gengis Khan, seu império continuou a expandir-se sob o comando de seus sucessores. O império mongol se tornou o maior império contíguo da história, se estendendo da Europa Oriental à Ásia Central e China. O império foi dividido em quatro grandes khanatos, cada um governado por um dos filhos de Gengis Khan. O khanato de Chagatai, o khanato de Jochi, o khanato de Ilkhan e o khanato de Golden Horde.

Principais descendentes de Gengis Khan

Jochi – o filho mais velho de Gengis Khan, nascido de uma mulher que foi raptada e depois se tornou uma de suas esposas. Jochi liderou várias campanhas militares para o império mongol e fundou o khanato de Jochi.

Chagatai – o segundo filho de Gengis Khan, nascido de sua esposa principal, Börte. Chagatai liderou o khanato de Chagatai, que se estendia desde o que é hoje o Uzbequistão até a Sibéria.

Ögedei – o terceiro filho de Gengis Khan, também nascido de Börte. Ögedei foi escolhido como sucessor de seu pai e liderou o império mongol de 1227 a 1241.

Tolui – o quarto filho de Gengis Khan, nascido de Börte. Tolui foi o pai de vários filhos notáveis, incluindo Möngke, Kublai Khan e Hulagu, que se tornaram grandes líderes do império mongol.

Gengis Khan na cultura pop

O lendário líder do Império Mongol, é um personagem que tem sido representado em inúmeras obras de arte e entretenimento ao longo dos anos. De filmes a videogames, a figura icônica de Gengis Khan tem sido uma fonte de inspiração para muitos artistas e escritores.

  • Filmes

Um dos primeiros filmes a retratar Gengis Khan foi “The Conqueror” (1956), estrelado por John Wayne no papel principal. Embora o filme tenha sido considerado um fracasso crítico e comercial, ele é lembrado por sua interpretação de Gengis Khan e por apresentar Susan Hayward como a princesa tártara Bortai.

Outro filme notável é “Mongol” (2007), dirigido por Sergei Bodrov, que conta a história da juventude de Gengis Khan e sua jornada para se tornar o líder que ele foi. O filme é elogiado por sua autenticidade histórica e retrato emocionante do personagem principal.

  • Séries:

A série “Marco Polo” (2014-2016), produzida pela Netflix, apresenta Gengis Khan como um personagem importante na história. Embora a série seja principalmente centrada no explorador veneziano Marco Polo, ela também explora a vida e a influência de Gengis Khan na Mongólia e em outras partes da Ásia.

  • Jogos:

O videogame “Civilization VI” (2016) apresenta Gengis Khan como um dos líderes jogáveis ​​para o Império Mongol. Os jogadores podem escolher liderar seu império através da conquista militar ou da diplomacia, seguindo os passos de Gengis Khan.

Outros jogos que apresentam Gengis Khan incluem “Age of Empires II: The Conquerors Expansion” (2000) e “Rome: Total War – Barbarian Invasion” (2005).

Bibliografia

Genghis Khan: O Imperador do Mundo, de Harold Lamb (Editora Record, 2005);

Genghis Khan e a Conquista do Mundo, de Frank McLynn (Editora Cultrix, 2010);

O Império Mongol, de Timothy May (Editora Madras, 2015);

Genghis Khan e os Mongóis: Uma História Militar, de Stephen Turnbull (Editora Madras, 2014);

O Império Mongol na História, de Edward L. Dreyer (Editora Jorge Zahar, 2012);

Referência externa – Museu Nacional da Mongólia

Fernando Rocha

Fernando Rocha, formado em Direito pela PUC/RS e apaixonado por história, é o autor e criador deste site dedicado a explorar e compartilhar os fascinantes acontecimentos do passado. Ele se dedica a pesquisar e escrever sobre uma ampla gama de tópicos históricos, desde eventos políticos e culturais até figuras influentes que moldaram o curso da humanidade."

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