Operação Entebbe: O Ousado Resgate e sua Importância Histórica
Em 1976, a Operação Entebbe, também conhecida como Operação Thunderbolt, se tornou um capítulo marcante na história militar e no enfrentamento ao terrorismo. O mundo testemunhou uma ousadia extraordinária quando Israel decidiu resgatar mais de cem reféns, predominantemente judeus, que haviam sido sequestrados por terroristas palestinos e apoiadores de Idi Amin, líder ugandense na época. O voo 139 da Air France, desviado para o Aeroporto Internacional de Entebbe, tornou-se palco de um confronto dramático entre forças israelenses e sequestradores. Comandada pelo tenente-coronel Yonatan Netanyahu, a operação desafiou as complexidades geopolíticas e as fronteiras internacionais.
A decisão de Israel de realizar um ataque de resgate em solo estrangeiro foi arrojada e arriscada, mas o sucesso da missão surpreendeu o mundo. A Operação Entebbe não apenas libertou a maioria dos reféns, mas também destacou a determinação, a habilidade militar e a capacidade estratégica de Israel em enfrentar ameaças à segurança nacional.
O Voo 139 da Air France
O voo 139 da Air France, sequestrado em 27 de junho de 1976, era um voo comercial que partiu de Tel Aviv, Israel, com destino a Paris, França, via Atenas, Grécia. A bordo estavam 248 passageiros e uma tripulação composta por 12 membros. A maioria dos passageiros era composta por cidadãos israelenses e judeus, mas havia também pessoas de diversas nacionalidades, refletindo a diversidade típica dos voos internacionais.
Os Sequestradores e as Razões para o Ataque
O avião foi sequestrado por dois membros da Frente Popular para a Libertação da Palestina – Operações Externas (PFLP-EO) e dois membros das Forças Armadas Revolucionárias Ugandenses, liderados pelo alemão Wilfried Böse e pela palestina Brigitte Kuhlmann.
O sequestro do voo 139 da Air France foi motivado por razões políticas e tinha o objetivo de pressionar Israel a liberar prisioneiros palestinos e pró-palestinos detidos em território israelense.
Além da libertação dos prisioneiros, os sequestradores também buscavam chamar a atenção para as suas causas políticas e afirmar suas reivindicações por meio do sequestro de cidadãos israelenses e judeus em um voo internacional.
A complexa teia de motivos políticos e ideológicos envolvidos no sequestro do voo 139 contribuiu para a tensão internacional que culminou na realização da Operação Entebbe por parte de Israel para resgatar os reféns.
O Sequestro e os Dias de Terror em Entebbe
Após dominarem a tripulação, o avião foi desviado para o Aeroporto Internacional de Entebbe, em Uganda, onde os sequestradores foram recebidos com apoio do presidente Idi Amin.
Os sequestradores separaram os passageiros judeus e israelenses dos demais e mantiveram cerca de 106 reféns em um terminal remoto do aeroporto. O período em que os reféns ficaram em Entebbe foi caracterizado por condições adversas e grande incerteza. Os sequestradores, liderados por Wilfried Böse e Brigitte Kuhlmann, impuseram um ambiente de tensão, enquanto as negociações para a libertação dos reféns se desenrolavam.
O presidente Idi Amin, conhecido por seu regime brutal, colaborou com os sequestradores e ofereceu apoio logístico. O terminal de Entebbe tornou-se um cenário de angústia e medo para os reféns, que enfrentavam a incerteza de seu destino, enquanto as demandas dos sequestradores eram apresentadas às autoridades israelenses. Os sequestradores exigiam a libertação de prisioneiros palestinos e pró-palestinos detidos em Israel, bem como outros prisioneiros mantidos em Quênia, França, Suíça e Alemanha.
Enquanto as negociações prosseguiam, a comunidade internacional observava com preocupação a situação em Entebbe. A determinação dos sequestradores e o apoio de Amin criaram um ambiente volátil, aumentando a pressão sobre Israel para buscar uma solução para o impasse.
Em 4 de julho de 1976, após dias de intensas negociações, Israel lançou a ousada Operação Entebbe.
Operação Entebbe
A Operação Entebbe, realizada em 4 de julho de 1976, foi uma resposta audaciosa de Israel ao sequestro do voo 139 da Air France por grupos palestinos e ugandenses.
O plano meticuloso da operação foi concebido para superar desafios complexos, incluindo a distância considerável entre Israel e Entebbe, o tempo crítico, a necessidade de surpreender os sequestradores e a cooperação com o governo ugandense. As forças israelenses, lideradas pelo tenente-coronel Yonatan Netanyahu, irmão do futuro primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, embarcaram em aviões Hercules para realizar um resgate relâmpago.
Durante a Operação Entebbe, uma engenhosa réplica do carro do presidente ugandense Idi Amin foi utilizada para enganar as forças ugandenses e ganhar acesso rápido ao terminal onde os reféns eram mantidos. Os soldados israelenses, disfarçados como membros da escolta de Amin, conseguiram surpreender os sequestradores e ganhar vantagem na operação. O plano envolveu cerca de 100 soldados israelenses, incluindo membros da Sayeret Matkal e unidades de apoio, demonstrando a complexidade e o cuidado estratégico empregados na missão.
Ao chegar em Entebbe, as forças especiais israelenses surpreenderam os sequestradores em um ataque noturno. A precisão e rapidez da operação foram cruciais, uma vez que o elemento surpresa desempenhava um papel fundamental no sucesso do resgate.
Durante a operação de aproximadamente 90 minutos, as forças israelenses neutralizaram os sequestradores, resgataram 102 reféns e perderam três vidas, incluindo a do comandante Yonatan Netanyahu. Todos os sequestradores foram mortos. O resgate em Entebbe foi uma demonstração impressionante de habilidades militares e estratégicas, consolidando a reputação de Israel como uma nação capaz de proteger seus cidadãos em qualquer lugar do mundo.
O sucesso da Operação Entebbe teve amplos impactos. Além de libertar reféns e encerrar o sequestro, a operação desafiou as convenções internacionais ao realizar uma incursão militar em solo estrangeiro. Isso influenciou significativamente a forma como as nações abordam ameaças terroristas transnacionais.
Operação Entebbe na Cultura Pop
A Operação Entebbe tornou-se um evento histórico frequentemente retratado na cultura pop através de filmes, documentários e séries. O filme “Operação Thunderbolt” (também conhecido como “Resgate em Entebbe”), lançado em 1977, foi uma das primeiras representações cinematográficas da operação, destacando a ousadia da missão.
Outro filme memorável que retrata a Operação é o Resgate Fantástico, um filme americano de bastante sucesso na época.
Outro filme notável é “7 dias em Entebbe” (2018), que aborda os aspectos políticos e militares da operação.
Documentários como “Operação Thunderbolt: Entebbe” exploram detalhes históricos e entrevistas com participantes da operação, oferecendo uma perspectiva mais aprofundada. A série de televisão israelense “Mivtza Savta” também aborda a operação de uma maneira dramática e emocional.