Josef Mengele: O Médico da Morte
Durante o período sombrio da Segunda Guerra Mundial, inúmeros crimes contra a humanidade foram cometidos por agentes do regime nazista. Entre esses perpetradores, um nome se destaca como símbolo do mal absoluto: Josef Mengele. Conhecido como “O Anjo da Morte”, Mengele foi um médico alemão que ficou famoso por seus experimentos cruéis e desumanos realizados em prisioneiros nos campos de concentração.
Anos iniciais
Josef Mengele nasceu em 16 de março de 1911, na cidade de Günzburg, na Alemanha. Ele estudou medicina na Universidade de Frankfurt. Influenciado pela ideologia nazista, Mengele juntou-se ao Partido Nazista e à SS (Schutzstaffel) em 1938.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Mengele serviu como oficial médico nas SS e foi destacado para Auschwitz-Birkenau, o infame campo de concentração localizado na Polônia ocupada.
Crimes cometidos por Josef Mengele
Durante o seu tempo nos campos de concentração, Mengele foi designado para Auschwitz, em maio de 1943, onde rapidamente se tornou conhecido como “O Anjo da Morte”. Sua principal área de atuação era a seleção dos prisioneiros que chegavam aos campos, decidindo quem seria enviado para trabalho forçado, quem seria morto imediatamente nas câmaras de gás e quem seria usado em seus experimentos médicos.
Nesta seleção Mengele contava com a ajuda de Irma Grese (A Hiena de Auschwitz), que segundo Olga Lengyel, em seu livro Os Fornos de Hitler: A História de uma Sobrevivente de Auschwitz, era amante do médico nazista. Extremamente ciumenta e problemática, Irma Grese selecionava judias que ela considerava bonita para serem usadas em experimentos médicos de Mengele ou enviadas diretamente para a câmara de gás.
Mengele tinha um interesse pessoal por gêmeos. Ele conduzia experimentos genéticos perversos em crianças, submetendo-as a torturas e mutilações inimagináveis. Injetava produtos químicos e corantes em seus corpos, realizava cirurgias sem anestesia e até mesmo realizava autópsias em indivíduos vivos. O sofrimento físico e emocional infligido às vítimas era indescritível.
Além dos experimentos com gêmeos, Mengele também estava obcecado com a busca pela “supremacia racial”. Ele conduzia estudos pseudocientíficos para sustentar a ideologia nazista de superioridade ariana. Seu objetivo era identificar características genéticas que supostamente tornariam os arianos superiores às outras raças. Esses estudos envolviam esterilização forçada, exposição a doenças contagiosas e seleção de prisioneiros para execução com base em critérios raciais.
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Fuga e vida no Brasil
Após o fim da guerra, Mengele conseguiu escapar da Europa, evitando a captura e julgamento pelas atrocidades cometidas nos campos de concentração nazistas. Utilizando documentos falsos e contatos estabelecidos durante a guerra, ele conseguiu embarcar em um navio que o levou à Argentina.
Inicialmente se estabeleceu na Argentina, onde se beneficiou do regime peronista e da rede de simpatizantes nazistas estabelecida no país. Com a ajuda de outros fugitivos nazistas, ele construiu uma nova identidade e começou a trabalhar como fazendeiro, mantendo-se longe do escrutínio internacional.
Diante da crescente pressão internacional e da intensificação das investigações sobre criminosos de guerra, Mengele decidiu deixar a Argentina. Ele se estabeleceu brevemente no Paraguai antes de se mudar para o Brasil em 1960, onde finalmente encontrou um local para se esconder e recomeçar sua vida. O Brasil, durante essa época, tornou-se um destino popular para muitos nazistas fugitivos devido à sua política relativamente permissiva de imigração e à presença de comunidades de simpatizantes nazistas. Além de Mengele, o Brasil atraiu outros nazistas famosos como Gustav Franz Wagner, Herbert Cukurs e Franz Stangl, comandante de Sobibor.
Em São Paulo, Mengele viveu com uma identidade falsa, trabalhando como vendedor de máquinas agrícolas. Embora estivesse em constante vigilância por parte de organizações judaicas e agentes do Mossad, o serviço secreto israelense, ele conseguiu evitar a captura durante muitos anos. O Mossad, priorizou a captura de Adolf Eichmann em detrimento de Josef Mengele. Adolf Eichmann foi um oficial nazista responsável pela organização e implementação do Holocausto, especificamente no que diz respeito ao transporte e extermínio em massa dos judeus europeus. Ele foi um dos principais arquitetos do genocídio durante o regime nazista.
A escolha de priorizar a captura de Eichmann em detrimento de Mengele foi baseada na crença de que Eichmann era uma figura-chave na implementação do Holocausto, enquanto Mengele era mais conhecido por seus experimentos médicos desumanos.
Em 1985, o jornalista alemão Günther Schwarberg descobriu a verdadeira identidade de Mengele e seu paradeiro em São Paulo. No entanto, antes que as autoridades pudessem prendê-lo, Mengele faleceu em 7 de fevereiro de 1979, vítima de um acidente vascular cerebral enquanto nadava em uma praia no litoral de São Paulo.