Imperador Nero
O Imperador Nero é um dos personagens mais conhecidos da história romana, mas sua reputação não é das melhores. Ele é frequentemente retratado como um tirano cruel e insano, conhecido por perseguir cristãos e incendiar Roma. No entanto, sua história é mais complexa do que essa imagem simplificada pode sugerir.
Anos Iniciais
Nero nasceu em 15 de dezembro de 37 d.C. em Antium, uma cidade a cerca de 50 km ao sul de Roma. Seu nome completo era Nero Claudius Caesar Augustus Germanicus, e ele era descendente da dinastia Júlio-Claudiana. Seu pai, Gnaeus Domitius Ahenobarbus, era um senador romano e sua mãe, Agripina, era irmã do imperador Calígula e neta de Augusto, o primeiro imperador romano.
Quando Nero tinha apenas três anos, seu pai morreu e sua mãe se casou com Cláudio, o imperador reinante na época. Cláudio adotou Nero como seu próprio filho e o nomeou herdeiro do trono em detrimento do seu filho legítimo, Germânico. Em 54 d.C., quando Cláudio morreu, Nero se tornou imperador com apenas 17 anos de idade.
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Ascenção de Nero com a ajuda de Agripina
Agripina era uma mulher ambiciosa e poderosa, que veio de uma família de nobres romanos influentes. Ela era filha de Germânico, um general e neto do imperador Augusto. Agripina se casou com seu tio, o imperador Cláudio, em 49 d.C. e se tornou a imperatriz romana. Ela foi a quarta esposa de Cláudio e tinha grande influência sobre ele.
Agripina queria garantir a sucessão de seu filho Nero ao trono, em vez do filho de Cláudio com sua terceira esposa, Messalina. Ela iniciou um plano para convencer Cláudio a adotar Nero como seu herdeiro, e para isso ela utilizou toda sua habilidade política e persuasão.
Agripina persuadiu o senado romano a declarar Nero como herdeiro de Cláudio. Ela também convenceu Cláudio a adotar Nero como seu filho e herdeiro, passando por cima do seu próprio filho biológico, Britânico. Cláudio, que era suscetível às influências de Agripina, concordou com sua solicitação e adotou Nero em 50 d.C.
A ascensão de Nero ao trono foi fortemente influenciada pela ambição e talento persuasivo de sua mãe, Agripina, a Jovem.
Claudio foi encontrado morto em sua cama na manhã de 13 de outubro de 54 d.C. As circunstâncias da sua morte ainda são incertas e controversas, mas a maioria dos historiadores acredita que ele foi assassinado.
A primeira suspeita recaiu sobre sua quarta esposa, Agripina, a Jovem, que tinha ambições políticas e queria garantir a sucessão de seu filho, Nero, ao trono. Ela também pode ter ficado preocupada com o fato de que Cláudio pudesse mudar seu testamento e escolher outro herdeiro. Uma parte dos historiadores apontam que Agripina contratou os serviços da notória assassina Locusta para envenenar Cláudio com um cogumelo venenoso durante um banquete.
Outra teoria é que o próprio Nero, enteado de Cláudio, ordenou o assassinato de seu padrasto. Ele tinha 17 anos na época e estava ansioso para se tornar imperador. Há relatos de que ele usou uma almofada para sufocar Cláudio enquanto ele dormia.
Em que pese a névoa que envolve as circunstâncias da morte de Claudio, fato é que Nero se beneficiou e virou o imperador romano aos 16 anos de idade. Agripina se tornou uma das conselheiras mais próximas de Nero e exerceu grande influência sobre ele. Ela ajudou a moldar sua política e administração e usou sua posição para garantir a segurança e a posição de seu filho no trono.
Relação de Nero com Agripina
No início, Nero dependia muito de sua mãe para orientação política e estratégia. Agripina tinha uma influência significativa sobre ele e usou sua posição para garantir que ela continuasse a ter um papel proeminente na corte romana. No entanto, a relação entre mãe e filho logo começou a azedar.
Agripina queria manter seu controle sobre o jovem imperador e tentou limitar sua influência sobre os assuntos políticos. No entanto, Nero queria governar por conta própria e começou a tomar suas próprias decisões. Ele também começou a se envolver em uma série de relações escandalosas, incluindo um caso com a esposa de seu meio-irmão. Agripina ficou cada vez mais preocupada com o comportamento de seu filho e sua influência em Roma.
As tensões entre mãe e filho chegaram a um ponto crítico em 59 d.C., quando Nero decidiu se casar com sua amante, Poppeia Sabina. Agripina se opôs ao casamento e tentou interferir, mas Nero a afastou e começou a planejar a morte de sua mãe para que pudesse ter mais controle sobre o império.
Em 59 d.C., Nero tentou matar Agripina em um naufrágio, mas ela sobreviveu. Ele então ordenou que ela fosse assassinada, mas seus planos foram descobertos. Agripina tentou fugir, mas foi capturada e assassinada por soldados romanos.
A morte de Agripina foi um momento decisivo na história romana e na vida de Nero. Ele foi amplamente criticado por sua crueldade e por ter assassinado sua própria mãe. A reputação de Nero nunca se recuperou totalmente e ele é frequentemente retratado como um tirano cruel e insano.
No entanto, alguns historiadores argumentam que a relação entre Nero e Agripina não foi tão ruim quanto muitas vezes é retratada. Eles apontam para evidências de que Agripina era uma mãe amorosa e dedicada que queria o melhor para seu filho. Eles também sugerem que Nero pode ter sido influenciado por outros membros da corte romana que queriam afastá-lo de sua mãe para ganhar mais poder.
Disputa entre Nero e seu meio-irmão Britânico
A relação entre o imperador romano Nero e Britânico, seu meio-irmão, foi uma das mais infames e controversas da história romana. Britânico era filho do imperador Cláudio com sua esposa anterior, Messalina. Quando Cláudio se casou com Agripina, ela convenceu o imperador a adotar Nero como herdeiro em vez de Britânico.
Desde então, a relação entre os dois irmãos era tensa. Britânico era popular entre o povo romano e entre as legiões, enquanto Nero era visto como inexperiente e imaturo. Agripina e Nero temiam que Britânico pudesse se tornar uma ameaça ao seu domínio e, portanto, começaram a conspirar contra ele.
Em 55 d.C., Britânico completou quinze anos, a idade em que os jovens nobres romanos eram admitidos como cidadãos. Naquele dia, ele foi honrado em uma cerimônia realizada no Capitólio, mas foi proibido de falar no Senado. Isso foi uma grande ofensa, já que era uma tradição que os jovens nobres romanos falassem em seu próprio nome quando eram admitidos como cidadãos.
Mais tarde naquele ano, Britânico foi envenenado durante um banquete em que Agripina estava presente. Seus últimos momentos foram marcados por dor e sofrimento. A morte prematura de Britânico chocou a população romana e aumentou as suspeitas de que Nero e Agripina estavam envolvidos em sua morte. Os boatos diziam que mãe e filho haviam contratado Locusta para envenenar Britânico e dissipar qualquer possibilidade de que Nero perdesse as rédeas do império.
Embora nunca tenha sido provado que Nero e Agripina foram diretamente responsáveis pela morte de Britânico, a opinião pública ficou firmemente convencida de que eles eram culpados. A morte de Britânico é vista como um dos muitos atos cruéis e desumanos de Nero, que estava disposto a matar seu próprio irmão para manter seu poder.
A morte de Britânico também teve consequências políticas significativas para o império romano. Ele era visto como um possível sucessor de Cláudio e poderia ter unificado as facções em torno dele. Sua morte, no entanto, levou a um período de instabilidade e intriga, com vários pretendentes disputando o trono.
Em última análise, a relação entre Nero e Britânico é um exemplo trágico do poder e da intriga da corte romana. Britânico foi vítima das ambições políticas de sua família e da brutalidade do regime de Nero. Sua morte continua sendo um lembrete sombrio das consequências da ganância e do poder desenfreado.
Reinado de Nero
Os primeiros anos de Nero como imperador foram relativamente pacíficos. Ele governou com a ajuda de conselheiros experientes, como o filósofo Sêneca e o prefeito do pretório Burrus. Ele também tomou medidas para melhorar a situação dos cidadãos romanos comuns, reduzindo impostos e aumentando os benefícios sociais.
Embora ele tenha feito várias reformas significativas durante seu governo, incluindo melhorias na arquitetura e nas artes, Nero também é lembrado por seu comportamento errático, perseguições políticas e crueldade.
A personalidade de Nero começou a se mostrar cada vez mais problemática com o passar do tempo. Ele se tornou cada vez mais vaidoso e egocêntrico, exigindo adulação e bajulação de seus súditos. Ele também se envolveu em uma série de relações escandalosas com homens e mulheres, incluindo sua própria mãe, que ele supostamente assassinou em 59 d.C. para que pudesse se casar com sua amante, Poppeia Sabina.
Em 64 d.C., um grande incêndio destruiu grande parte de Roma. Nero foi acusado de ter ordenado o incêndio para que pudesse construir um palácio maior e mais extravagante para si mesmo. No entanto, a evidência para essa acusação é escassa e é mais provável que o incêndio tenha sido acidental. Mesmo assim, Nero foi amplamente responsabilizado pelo desastre e sua reputação nunca se recuperou totalmente.
Em resposta ao incêndio, Nero tomou medidas para reconstruir Roma e fornecer ajuda aos desabrigados. No entanto, sua ajuda foi vista por muitos como insuficiente e ele foi criticado por se preocupar mais com suas próprias ambições artísticas do que com as necessidades do povo.
Queda do imperador Nero
O reinado do Imperador Nero acabou sendo interrompido por uma revolta popular em 68 d.C. Essa revolta foi liderada pelo governador da província da Hispânia Tarraconense, Sérvio Sulpício Galba, que conseguiu reunir apoio militar e político suficiente para derrubar Nero do poder.
A revolta contra Nero começou como resultado de sua crescente impopularidade entre o povo romano e a elite política. Ele havia se tornado cada vez mais autocrático e opressivo em seus últimos anos de governo, e sua perseguição aos cristãos e outras minorias religiosas havia alienado muitas pessoas.
Além disso, a economia de Roma estava em crise e o povo estava sofrendo com altos impostos e inflação. Nero havia gastado uma fortuna em seus projetos artísticos e arquitetônicos, como o Domus Aurea, e a população começou a se ressentir de seu excesso de extravagância.
Sulpício Galba, que havia servido como governador da Hispânia Tarraconense por muitos anos, começou a ganhar apoio entre a elite política romana. Ele foi capaz de reunir um exército leal e marchou em direção a Roma, enquanto muitas outras províncias romanas se rebelaram contra Nero.
Quando as notícias da revolta alcançaram Nero, ele ficou aterrorizado e desesperado. Ele tentou fugir da cidade, mas acabou sendo capturado por soldados rebeldes. Após ser capturado, Nero foi forçado a se esconder em uma casa na periferia de Roma.
Sulpício Galba foi declarado imperador pelos senadores romanos e, ao mesmo tempo, o Senado votou uma sentença de morte contra Nero. Com medo de ser executado, Nero decidiu cometer suicídio. Segundo relatos, ele pediu a um escravo para ajudá-lo a se matar, mas quando o escravo hesitou, Nero decidiu fazê-lo sozinho.
A morte de Nero marcou o fim de uma era turbulenta na história romana. Sulpício Galba se tornou o próximo imperador, mas sua própria liderança seria breve e instável. Ele foi deposto apenas alguns meses depois e substituído por Otão, que também seria deposto em favor de Vitélio, antes que a dinastia dos Flávios assumisse o controle de Roma.
Em conclusão, o Imperador Nero foi deposto do poder como resultado de sua crescente impopularidade, excessos e perseguições políticas. A revolta liderada por Sulpício Galba conseguiu reunir apoio militar e político suficiente para derrubá-lo do poder. A morte de Nero marcou o fim de uma era turbulenta na história romana e abriu caminho para a ascensão de novas dinastias e líderes políticos em Roma.
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